O presidente Luiz Inácio Lula da Silva formalizou a indicação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. A nomeação, anunciada em 20 de novembro de 2025, ainda depende de aprovação pelo Senado Federal.
Trajetória de lealdade ao governo
Jorge Messias, de 45 anos, era considerado o favorito para a vaga no STF. Esta é a terceira vez que ele é cotado para a Corte Suprema, tendo sido previamente considerado nas aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.
O jurista possui longa história de vinculação com o governo petista. Em 2016, durante o governo Dilma Rousseff, ele ficou conhecido como "Bessias" após ser mencionado em uma ligação telefônica interceptada pela Operação Lava-Jato. Na época, Messias ocupava o cargo de chefe de assuntos jurídicos do Palácio do Planalto.
Retornou ao governo em 2023 como ministro da Advocacia-geral da União, posição que já foi exercida por futuros ministros do STF como Gilmar Mendes, Dias Toffoli e André Mendonça.
Perfil único: cristão conservador de esquerda
Um dos aspectos mais distintivos da indicação é o perfil religioso de Messias. Ele é evangélico praticante desde a infância e frequenta regularmente uma Igreja Batista em Brasília, denominação conhecida por posições conservadoras.
O deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), que também é pastor da Assembleia de Deus, defendeu a indicação afirmando: "Messias é evangélico e muito preparado. Não existe crente de direita e nem de esquerda. Existe crente. E ele é terrivelmente evangélico".
Entretanto, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), contestou que a nomeação represente um aceno à comunidade evangélica, classificando Messias como um "cristão petista" que representaria apenas 5% dos evangélicos brasileiros.
Posicionamentos e atuação governamental
Na AGU, Messias demonstrou alinhamento inconteste com Lula. Entre suas ações mais emblemáticas estão:
- Criação de uma subpasta específica para combater desinformação contra o governo nas redes sociais
- Pedido de abertura de inquérito contra deputado que desejou publicamente a morte do presidente
- Defesa ativa da responsabilização dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023
- Contratação de escritório americano para lidar com questões internacionais envolvendo o Brasil
Messias é procurador concursado que ingressou na AGU em 2007. No ano passado, defendeu tese de doutorado na Universidade de Brasília onde criticou o que chamou de "conservadorismo e autoritarismo do STF" durante os processos do Mensalão e Lava-Jato.
Se aprovado pelo Senado, Jorge Messias, com seus 45 anos, só será obrigado a se aposentar do Supremo Tribunal Federal em 2055, podendo influenciar a jurisprudência brasileira pelas próximas três décadas.