Flávio Bolsonaro: preço para desistir é ver pai 'livre, nas urnas' em 2026
Flávio Bolsonaro condiciona desistência à candidatura do pai

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) estabeleceu uma condição clara para retirar seu nome da pré-candidatura à Presidência da República em 2026. Em entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Record, no dia 7 de dezembro de 2025, ele afirmou que o "preço" para desistir da corrida eleitoral é ver seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, "livre, nas urnas".

Condenação e a condição para recuar

Jair Bolsonaro cumpre pena de 27 anos de prisão, condenado por tentativa de Golpe de Estado. Questionado se uma eventual anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro seria suficiente para fazê-lo abandonar a disputa, Flávio foi enfático. Ele reforçou que é necessário mais do que a liberdade jurídica: é preciso que o ex-presidente possa, de fato, ser candidato.

"Meu preço é justiça. E não é só justiça comigo, é justiça com quase 60 milhões de brasileiros", declarou o senador, referindo-se aos eleitores de seu pai. Ele descreveu a situação como um "sequestro" e um "cativeiro", afirmando que sua entrada na corrida foi uma decisão "consciente" e que "não tem volta".

Reações internas e pesquisa desfavorável

A movimentação de Flávio Bolsonaro, anunciada na sexta-feira, 5 de dezembro, tem causado desconforto entre aliados. Setores do Centrão e da direita veem o anúncio como um "bolão de ensaio" – um teste de aceitação – e preferem nomes com maior apelo eleitoral, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Uma pesquisa Datafolha divulgada no mesmo domingo, 7, ilustra a resistência. Apenas 8% dos entrevistados consideram que Flávio deveria ser o nome escolhido pela família Bolsonaro para representar o conservadorismo em 2026. Na preferência popular, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o próprio Tarcísio aparecem como opções mais competitivas.

Nesta segunda-feira, 8, Flávio inicia uma rodada de conversas com líderes partidários, incluindo Valdemar Costa Neto (PL) e Ciro Nogueira (PP), para articular apoio. Ele também pretende visitar novamente o pai, que acompanha a movimentação política da prisão.

Mercado reage com preocupação

A repercussão financeira ao anúncio da pré-candidatura foi imediata e negativa. Na sexta-feira, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, virou para queda e recuou quase 2%. Flávio tratou a reação como previsível e "natural", atribuindo-a a uma análise "precipitada" do mercado.

Para acalmar investidores, o senador apresentou uma nova imagem de si mesmo e da família. "Eles vão conhecer um Bolsonaro diferente, um Bolsonaro muito mais centrado, que conhece a política, que conhece Brasília, que vai querer fazer uma pacificação no país", argumentou.

Entre negociações políticas, resistências internas e a mensagem cifrada sobre seu "preço" para sair da disputa, Flávio Bolsonaro abre a pré-campanha tentando se consolidar como uma opção viável. O caminho até 2026, no entanto, promete ser longo e cheio de obstáculos, dependente não apenas de estratégias partidárias, mas também do desfecho judicial que envolve seu pai.