O procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi aprovado em sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado nesta quarta-feira, mas não sem antes enfrentar duras críticas de parlamentares bolsonaristas, com destaque para um acalorado embate com o senador Flávio Bolsonaro.
O Ataque de Flávio Bolsonaro
Em um dos momentos mais tensos da sabatina, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro dirigiu-se diretamente a Gonet com críticas contundentes sobre sua gestão à frente do Ministério Público Federal. Flávio Bolsonaro acusou o procurador-geral de passividade em relação ao Supremo Tribunal Federal e ao trabalho do ministro Alexandre de Moraes.
"A prerrogativa de proteção das garantias constitucionais individuais e da sua própria instituição não existem mais no Brasil", declarou o senador, acrescentando: "Não é o Ministério Público que decide, mas é o senhor que instrui ou deveria instruir o processo, porque nem isso você está fazendo mais, quem faz é o ministro Alexandre de Moraes, em vários processos".
O parlamentar finalizou seu discurso com uma afirmação que gerou forte reação: "Eu acho que – e eu digo isso com tristeza no coração – os membros do Ministério Público Federal devem ter vergonha do senhor hoje, muita vergonha".
A Resposta de Paulo Gonet
Enquanto ouvia as críticas, Gonet manteve-se calado, anotando pontos para responder posteriormente. Quando chegou sua vez de falar, o chefe da PGR rebateu as acusações com um argumento contundente: o apoio institucional da categoria.
Gonet destacou a presença na sala do presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Schettino, que representa quase a totalidade dos membros do MPF. O procurador-geral revelou que recebeu uma mensagem de Schettino na véspera da sabatina desejando boa sorte e confirmando presença no Senado durante todo o processo.
"Para ficar claro, senador Flávio Bolsonaro, que 'a classe dos membros do Ministério Público Federal – isso é dito pelo representante de mais de 1.100 integrantes do Ministério Público Federal – apoia integralmente a renovação do meu mandato'", afirmou Gonet, concluindo: "Parece que não há vergonha da classe em ter o atual procurador-geral à frente da carreira".
Resultado da Sabatina e Contexto
Apesar do embate acalorado com Flávio Bolsonaro e críticas de outros parlamentares alinhados ao bolsonarismo, a sabatina de Paulo Gonet transcorreu de forma tranquila na maior parte do tempo. O resultado final da votação na CCJ foi favorável ao procurador-geral, com 17 votos a favor e 10 contra.
A aprovação na Comissão de Constituição e Justiça é uma etapa crucial para a renovação do mandato de Gonet à frente da Procuradoria-Geral da República. O embate entre o senador e o procurador-geral ilustra as tensões políticas que continuam a marcar as relações entre o governo Lula e a oposição bolsonarista no Congresso Nacional.
O episódio também evidencia as divergências sobre o papel do Ministério Público Federal e sua relação com o Poder Judiciário, especialmente em casos que envolvem figuras políticas proeminentes e investigações de grande repercussão nacional.