Centrão espera solução híbrida do STF sobre decisão de Gilmar Mendes
Centrão aposta em solução híbrida do STF sobre impeachment

O cenário político e jurídico aguarda com expectativa o desfecho de uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que limitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) a prerrogativa de pedir impeachment de membros da própria Corte. Parlamentares do Centrão, bloco de partidos com forte atuação no Congresso, avaliam que os demais magistrados do Supremo devem buscar uma solução de compromisso.

A expectativa por um meio-termo

A leitura predominante entre os integrantes do Centrão é de que os ministros do STF optarão por um caminho híbrido. O objetivo seria não desmoralizar o colega Gilmar Mendes, mas também não configurar uma afronta direta ao Poder Legislativo, que vê com ressalvas a decisão que restringe a iniciativa de processos de impeachment.

Um julgamento no plenário virtual do Supremo está marcado para confirmar ou revogar a medida tomada por Gilmar Mendes. O período para os votos vai de 12 a 19 de dezembro de 2025. De acordo com fontes ouvidas, a tendência inicial é que a maioria dos ministros acompanhe o entendimento do colega.

O gesto político esperado pelo Congresso

No entanto, a aposta dos parlamentares é que o Supremo fará um gesto conciliador. A expectativa é que os ministros estabeleçam um prazo para que o Congresso Nacional analise e promova a revisão da Lei do Impeachment. Caso o Legislativo não avance no tema dentro do período estipulado, aí sim a definição final ficaria a cargo do Judiciário.

Essa estratégia de "bola dividida" com prazo já foi adotada pelo STF em outras ocasiões polêmicas, servindo como uma válvula de escape institucional. A forte repercussão negativa da decisão de Gilmar Mendes dentro do Parlamento é um dos motivos que alimenta a crença nesse desfecho.

O fator Alcolumbre e a relação com o Senado

Outro elemento crucial nessa equação é a relação com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Muitos integrantes do Supremo mantêm proximidade com o senador, e um gesto nesse sentido seria também uma forma de reconhecer a autoridade da Casa legislativa que ele comanda.

A decisão final do STF, portanto, não envolve apenas uma questão jurídica, mas um delicado equilíbrio entre os Poderes. O que está em jogo é quem tem a legitimidade para iniciar um processo de impeachment contra um ministro da mais alta Corte do país, um tema sensível que mexe com as estruturas do sistema de freios e contrapesos.

Os próximos dias serão decisivos. Entre 12 e 19 de dezembro, os votos no plenário virtual do STF definirão se a solução híbrida esperada pelo Centrão se concretizará ou se o Supremo seguirá um caminho diferente, com potencial para gerar novos atritos com o Congresso Nacional.