Justiça boliviana anula condenação de ex-presidente Jeanine Áñez por suposto golpe de 2019
Bolívia: Justiça anula condenação de ex-presidente

Em uma decisão que marca um novo capítulo na conturbada política boliviana, a Corte Suprema de Justiça anulou a sentença que condenava a ex-presidente Jeanine Áñez por supostamente ter participado de um golpe de Estado em 2019. O veredicto, considerado histórico, reverte uma das condenações mais polêmicas dos últimos anos no país andino.

O contexto do caso

O caso remonta aos eventos de novembro de 2019, quando Evo Morales renunciou à presidência após protestos massivos e uma intervenção das Forças Armadas. Jeanine Áñez, então senadora e segunda vice-presidente do Senado, assumiu a presidência interina em meio a um vácuo de poder, argumentando sucessão constitucional.

Porém, o governo de Morales e seus apoiadores sempre caracterizaram a ascensão de Áñez como um golpe de Estado, acusando-a de conspirar com militares e políticos opositores para tomar o poder ilegitimamente.

As condenações anteriores

Em 2022, Áñez foi condenada a 10 anos de prisão pelo caso "Golpe I", relacionado à sua ascensão ao poder. A ex-mandatária sempre defendeu sua inocência, afirmando que assumiu a presidência para evitar um caos maior no país e garantir eleições democráticas.

"Sempre soube que a história me daria razão", declarou Áñez em diversas ocasiões durante seu julgamento.

Impacto político da decisão

A anulação da sentença pela Corte Suprema representa:

  • Um significativo revés para o governo do MAS (Movimento ao Socialismo)
  • O reacendimento do debate sobre os eventos de 2019
  • Possíveis repercussões nas relações internacionais da Bolívia
  • Um alívio para a oposição boliviana

Reações imediatas

Segundo analistas políticos, a decisão judicial pode reconfigurar o cenário político boliviano às vésperas de novas eleições. Setores governistas já manifestaram descontentamento, enquanto a oposição celebra a medida como uma vitória da justiça.

O caso continua sendo um dos episódios mais divisivos da história recente da Bolívia, com interpretações radicalmente diferentes sobre os eventos que levaram à mudança de governo em 2019.