A política brasileira vive daqueles dias em que um tuíte pode virar um terremoto. E foi exatamente para evitar novos abalos que Jair Bolsonaro decidiu entrar em cena, pegando o telefone e dando um puxão de orelhas — ou seria uma orientação estratégica? — no próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro.
A missão? Esquecer de uma vez por todas as críticas publicamente dirigidas ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Sim, aquele mesmo que frequentemente vira alvo da família e dos apoiadores do clã.
Numa conversa direta, o ex-presidente foi claro com Eduardo: “É hora de baixar a bola”. Mas não parou por aí. Disse também que ele mesmo, Bolsonaro, se encarregaria de falar pessoalmente com outros ministros do STF. Um movimento que cheira a uma tentativa real de apaziguamento — ou, no mínimo, uma trégua calculada.
Mas o que está por trás dessa mudança de postura?
Especula-se que a preocupação não é apenas com a harmonia entre os Poderes. Há um interesse pragmático: evitar que a relação já desgastada se transforme em algo ainda mais complicado para o campo bolsonarista, que ainda navega entre investigações, processos e um olhar atento do Judiciário.
Não é de hoje que as investidas de Eduardo Bolsonaro contra Gilmar Mendes geram reações fortes. Desta vez, porém, a resposta veio de dentro de casa. E com um recado que parece ecoar além dos grupos de família: é hora de frear a retórica inflamada.
O gesto do ex-presidente sinaliza, ainda que timidamente, uma tentativa de reduzir o tom do conflito. Resta saber se a estratégia vai colar — ou se as arestas estão tão afiadas que nem mesmo uma intervenção paternal será capaz de apará-las.
Uma coisa é certa: nos corredores do poder, ninguém duvida que Bolsonaro ainda exerce influência significativa. E quando ele fala, mesmo que informalmente, o tabuleiro político se mexe.
O desfecho? Ainda em aberto. Mas o recado foi dado — e agora é a vez de acompanhar se as palavras se transformam em ações… ou só em mais um capítulo dessa novela que todo mundo acompanha, mas nem sempre entende.
