
Parecia o fim da linha. O Supremo Tribunal Federal, aquela instituição que deveria ser o porto seguro da democracia, navegava em maré bravia. E no leme, um homem com expressão séria e determinação de aço: Luís Roberto Barroso.
Não foi fácil, longe disso. O ano mal havia começado e já pipocavam notícias sobre um suposto golpe contra o STF. Barroso, com aquela calma que só quem já viu tudo possui, precisou agir rápido. Ameaças vinham de todos os lados - do Congresso, do Planalto, das redes sociais. O tribunal estava sob cerco.
O jogo de xadrez político
Barroso não é nenhum novato nesse tabuleiro. Com décadas de experiência, ele sabe que na política brasileira tudo é possível. Mas mesmo para ele, alguns momentos foram de tirar o fôlego. Havia dias em que o telefone não parava de tocar, cada chamada trazendo mais uma crise para resolver.
O que muita gente não percebe é o desgaste. Imagine acordar sabendo que suas decisões podem incendiar o país. Ou pior: que sua inação pode permitir que instituições desmoronem. Barroso carregava esse peso nos ombros, e dava para ver nas olheiras que não dormia direito.
As estratégias de sobrevivência
Como diabos o STF conseguiu passar por tudo isso sem rachar? A receita, se é que existe uma, envolve três ingredientes principais:
- Paciência estratégica: Esperar o momento certo para agir, mesmo sob pressão
- Diálogo constante: Conversas nos bastidores que nunca chegam aos jornais
- Firmeza quando necessário: Saber dizer "não" mesmo para os mais poderosos
Barroso dominava esses três como poucos. Tinha horas em que parecia mais um diplomata do que ministro. Outras, lembrava um general preparando sua tropa para a batalha.
Os momentos que quase quebraram o tribunal
Houve situações, é claro, que testaram todos os limites. Certa vez, a relação com o Congresso chegou a um ponto tão crítico que muitos juristas já davam o STF como morto. Barroso, porém, fez o que sabe fazer melhor: encontrou brechas onde ninguém mais via saída.
Não foi magia. Foi trabalho duro, noites em claro estudando a Constituição como se fosse a primeira vez. Reuniões que se estendiam até madrugada, vozes elevadas em alguns momentos, mas sempre com respeito. O velho ditado é verdadeiro: a Justiça é lenta, mas chega. Só que às vezes ela precisa correr contra o relógio.
O que me impressiona, particularmente, é como Barroso conseguia manter a cabeça fria. Enquanto o país parecia prestes a entrar em colapso institucional, ele seguia com sua agenda normal - julgamentos, despachos, as mesmas rotinas de sempre. Talvez essa fosse sua arma secreta: a normalidade em tempos anormais.
O preço da resistência
Nada disso saiu de graça, é óbvio. O desgaste político foi imenso. Barroso virou alvo preferencial de críticas, algumas justas, outras completamente desproporcionais. Mas ele seguiu em frente, com aquela teimosia que só os grandes estadistas possuem.
Olhando para trás agora, dá para entender melhor o que aconteceu. O STF não apenas sobreviveu - ele saiu mais forte da tempestade. E Barroso? Bem, ele mostrou que às vezes a maior coragem não está em atacar, mas em resistir.
Numa época em que tudo parece desmoronar, saber que algumas instituições ainda mantêm sua solidez... isso traz um certo alívio, não traz? Mesmo que a gente discorde de algumas decisões, há valor na estabilidade. E Barroso, com todos seus defeitos e qualidades, entendeu isso como ninguém.
O Supremo sobreviveu. E o Brasil, de certa forma, também.