
O clima estava pesado, carregado daquela eletricidade peculiar que só Trump sabe gerar. E então ele solou a bomba. Num daqueles momentos que fazem os assessores suarem frio, o ex-presidente americano se comparou nada mais, nada menos que a Nelson Mandela.
"Estou disposto a ir para a prisão", disparou ele, com aquela pose de mártir que tanto domina. A plateia, é claro, vaiou — mas eram vaias de aprovação, daquelas que soam como aplausos em código.
O paralelo que chocou
Mandela, sabe como é? Passou 27 anos atrás das grades lutando contra o apartheid. Trump enfrenta quatro acusações criminais — 91 processos, para ser exato — que poderiam, teoricamente, levá-lo à mesma situação. A diferença de escala é... bem, considerável.
"É uma honra", ele disse, sobre a possibilidade de ser encarcerado. "Estou fazendo isso por vocês." A retórica soava familiar, aquela mistura de vitimização e grandiosidade que marca seu estilo.
O contexto importa
O discurso rolou em Iowa, estado importante nas primárias republicanas. Enquanto isso, nos tribunais, a defesa dele tenta adiar os julgamentos — quem diria? — para depois das eleições. Coincidência ou estratégia?
Os adversários não perdoaram. Chris Christie, ex-aliado que virou crítico, foi direto: "Estou disposto a dizer a verdade sobre um homem que não é adequado para ser presidente". O tom era de quem já cansou da novela.
A mártir involuntária
E não foi só Mandela que entrou na história. A própria filha do líder sul-africano, Ndileka Mandela, rebateu a comparação. Disse que o pai "lutou pela liberdade de 46 milhões de pessoas", enquanto Trump estaria "apenas tentando escapar da cadeia".
Difícil argumentar contra a matemática, não é mesmo? 27 anos versus campanha eleitoral. 46 milhões versus interesses pessoais.
O espetáculo continua
Enquanto isso, nas redes sociais, os apoiadores tratam o possível — e ainda improvável — encarceramento como sinal de perseguição política. A narrativa está montada, o roteiro escrito.
Restam dúvidas sobre até onde vai o teatro e onde começa a realidade. Trump, como sempre, navega nessa fronteira turva entre o político e o performático. E o mundo assiste, entre incrédulo e fascinado, ao próximo capítulo dessa saga que não parece ter fim à vista.