Trump em Israel: Por que o ex-presidente americano é tratado como herói na Terra Santa?
Trump em Israel: por que é visto como herói?

Parece coisa de filme, mas é a pura realidade: enquanto nos Estados Unidos Donald Trump enfrenta uma enxurrada de processos e críticas, em Israel ele caminha sobre as águas. Sim, você leu direito. A terra que já viu tantos profetas hoje trata o ex-presidente americano quase como uma figura bíblica.

E não é exagero meu não. Quem diz isso é Alon Liel, um especialista israelense que conhece como poucos os meandros da política local. Ele observa, com certo espanto, que a popularidade de Trump por lá resiste como aquelas plantas do deserto que sobrevivem a qualquer intempérie.

O que explica essa devoção toda?

Bom, a resposta não é simples — a vida real raramente é. Mas Liel aponta alguns fatores que fazem todo sentido quando a gente para pra pensar.

Primeiro: o reconhecimento de Jerusalém como capital. Parece detalhe, mas naquela região cada pedra tem história milenar. Trump fez o que outros presidentes americanos prometiam nas campanhas mas nunca cumpriam no governo. Movimento ousado, polêmico, tipicamente trumpiano.

Segundo: os Acordos de Abraham. Quem diria que um sujeito tão divisivo conseguiria articular aquela reaproximação entre Israel e alguns países árabes? Foi como ver um elefante dançar balé — improvável, mas aconteceu.

E o atual governo americano?

Aqui a coisa fica ainda mais curiosa. A administração Biden, que muitos esperavam que seria recebida de braços abertos, enfrenta uma certa... como dizer... desconfiança morna. É aquela sensação de reencontro com um amigo de infância que já não tem tanto em comum com você.

Liel não economiza nas palavras: "A aproximação de Biden com os palestinos deixou muitos israelenses com o pé atrás". E numa região onde confiança é mercadoria rara, esse deslize pesa.

O especialista vai além e solta uma que é pura dinamite: "A política externa americana perdeu aquele jeitão de 'grande irmão' que ditava as regras do playground". Forte, não? Mas faz a gente pensar.

E o povo, o que acha?

Aqui é onde a história fica fascinante. Enquanto a esquerda israelense — aquela que ainda respira, diga-se — vê Trump com aquele olhar torto de desconfiança, a direita e o centro praticamente o elevam à categoria de mito.

É quase um fenômeno cultural. O sujeito que nos EUA é tratado como polêmica ambulante, em Israel vira quase um cowboy benfeitor, o tipo que chega na cidade pacificando o velho oeste com medidas concretas, não com discursos bonitos.

E sabe o que é mais irônico? Enquanto isso, a imagem dos EUA como um todo... bem, essa sofreu alguns arranhões. Parece que o país que antes era visto como farol da democracia agora provoca sentimentos bem mais complexos.

No fim das contas, o que Liel nos mostra é um daqueles paradoxos que só a política internacional é capaz de produzir. Um líder que divide seu próprio país unifica — com notáveis exceções, claro — um aliado do outro lado do mundo.

A vida, como sempre, é mais interessante que qualquer roteiro.