
Numa daquelas declarações que fazem você parar o que está fazendo e pensar 'será?', Donald Trump soltou mais uma. Diz ele, com aquela confiança de quem está anunciando o placar do jogo, que encerrou nada menos que sete guerras durante seu mandato. Sete! Como se fosse uma temporada de série na Netflix.
Mas vamos com calma – porque entre o que se diz e o que realmente acontece, existe um abismo. E no mundo da política, esse abismo é ainda mais profundo.
O que exatamente ele afirmou?
Num comício que mais parecia um espetáculo de stand-up – só que sem a parte engraçada –, Trump declarou: "Acabei com sete guerras que a administração anterior começou". A plateia vaiou, aplaudiu, gritou 'USA!'. Típico.
Mas cá entre nós: será que os fatos corroboram essa narrativa épica?
Desmontando a alegação peça por peça
Primeiro: que guerras seriam essas? O homem não detalhou – deixou a imaginação do público trabalhar. Conveniente, não?
- Guerra no Afeganistão: Continua. Na verdade, intensificou-se.
- Conflito na Síria: Tropas americanas permaneceram. Retirada parcial, não fim.
- Tensões com Coreia do Norte: Umas fotos bonitas, mas sem acordo substantivo.
- Confronto com Irã: Aumentou, e muito. Lembram do general Soleimani?
Parece que a matemática do Trump é… criativa. Muito criativa.
O jogo semântico da política externa
Ah, a velha arte de chamar derrota de vitória e recuo de avanço estratégico. Washington domina isso como ninguém.
Redefinir 'guerra' como 'operações de contra-terrorismo' ou 'conflito de baixa intensidade' não muda a realidade no terreno. Pessoas continuam morrendo. Cidades sendo destruídas. E a conta – humana e financeira – continua correndo.
Por que essa narrativa importa?
Porque eleitor acredita. Porque soa bem no soundbite do jornal das oito. Porque 'eu acabei com sete guerras' é mais sexy do que 'eu gerenciei mal três conflitos e ignorei outros quatro'.
É a política do espetáculo em sua essência mais pura – substância zero, estilo máximo.
O veredito final
Após vasculhar registros, relatórios e declarações oficiais (chato, eu sei), a conclusão é… decepcionante. A alegação de Trump é, no mínimo, exagerada. No máximo? Pura fantasia.
Nenhum dos sete conflitos que ele insinuou ter resolvido foi realmente encerrado. Alguns sequer existiam como 'guerras' no sentido tradicional. Outros pioraram significativamente.
Mas ei – facts don't care about your feelings, certo? A ironia é deliciosa.