
O coração parece querer sair pelo peito. A cada notícia, a cada discurso político, a angústia só aumenta. Quem pensa que essa guerra é só sobre territórios ou ideologias nunca sentiu na própria carne o que é ter um pedaço de você mantido como moeda de troca.
Numa conversa franca — daquelas que doem só de lembrar —, o brasileiro Ruben Mergui, pai do jovem Orion Hernandez Mergui, sequestrado pelo Hamas no fatídico 7 de outubro, não mediu palavras. "Eu tenho raiva do Netanyahu", disparou, com uma mistura de cansaço e revolta que só quem vive na própria pele essa espera interminável consegue entender.
O silêncio que grita
Enquanto o mundo discute estratégias militares e alianças geopolíticas, famílias como a de Ruben enfrentam um tipo diferente de batalha. Uma guerra contra o tempo, contra a incerteza, contra a sensação horrível de impotência.
"Ele está brincando com a vida das pessoas", desabafa Ruben sobre o líder israelense. E você percebe que não é exagero — é a pura realidade de quem vê negociações sendo sabotadas por interesses que, vamos combinar, pouco têm a ver com a segurança de cidadãos comuns.
Os números que doem
Mais de 37 mil palestinos mortos. Centenas de reféns ainda desaparecidos. E no meio disso tudo, famílias destroçadas de ambos os lados. A matemática da guerra nunca fecha quando se coloca na equação o valor de uma vida humana.
Ruben faz um questionamento que ecoa na consciência de qualquer pessoa minimamente sensível: "Quantas pessoas têm que morrer para que ele esteja satisfeito?" A pergunta fica no ar, pesada, sem resposta.
Entre a esperança e o desespero
O brasileiro — que também tem cidadania israelense — não poupa críticas ao governo que, na sua visão, transformou reféns em peões de um jogo político perigoso. "Ele não está nem aí para os reféns", afirma, com a autoridade de quem acompanha cada movimento, cada declaração, cada sinal — ou a falta deles.
E o pior? A sensação de que tudo poderia ser diferente. Que acordos foram possíveis, que vidas poderiam ter sido poupadas, que famílias inteiras não precisariam estar vivendo esse pesadelo sem fim.
O duplo sofrimento
Imagine só: seu filho está em perigo, e as pessoas que deveriam resgatá-lo parecem mais interessadas em aparecer bem na foto do que em resolver a situação. É como assistir a um incêndio e ver os bombeiros discutindo sobre a cor do caminhão enquanto as chamas consomem tudo.
Ruben não está sozinho nessa percepção. Muitas famílias de reféns começam a questionar publicamente as reais intenções de um governo que, em teoria, deveria protegê-los.
Além das fronteiras
O caso de Orion — um dos três brasileiros mantidos reféns — escancara uma verdade inconveniente: em conflitos assim, ninguém sai ileso. Seja em Gaza, seja em Tel Aviv, seja no Brasil, o sofrimento não respeita nacionalidade, religião ou bandeira.
E enquanto líderes fazem discursos inflamados e promessas vazias, pessoas reais continuam presas num limbo de terror. Gente como você e eu, com sonhos, medos, histórias — reduzidas a números em manchetes de jornal.
A verdade — dura, crua, difícil de engolir — é que às vezes as maiores ameaças não vêm dos inimigos declarados, mas daqueles que supostamente deveriam nos defender. E Ruben Mergui, com seu desabafo sincero e dolorido, nos lembra que por trás de cada estatística há um rosto, um nome, uma família esperando por um milagre.
Enquanto isso, a guerra continua. E com ela, a pergunta que não quer calar: quando é que a vida humana vai voltar a valer mais do que interesses políticos?