
Eis que a política internacional resolve dar mais um capítulo dos seus dramas — e olha que esse promete. Ricardo Lewandowski, nosso ministro da Justiça, soltou o verbo nesta sexta e não foi com meias-palavras. Em entrevista coletiva em Campinas, ele deixou claro: o Itamaraty já pediu, oficialmente, acesso pra ele entrar nos Estados Unidos. O motivo? A Assembleia Geral das Nações Unidas, que rola em Nova York.
Mas aí é que tá. O clima não tá nada amistoso. Padilha — como é mais conhecido — foi enfático: "nenhum país-sede tem o direito de barrar a participação de uma autoridade convidada pela ONU". A fala dele não soou como discurso, soou como recado. Daqueles que ecoam em corredores de embaixadas.
O impasse que ninguém esperava
A situação é, no mínimo, constrangedora. Imagina: um ministro de Estado, representante máximo da Justiça de um país soberano, tendo que esperar por um visto que pode — ou não — ser concedido. Lewandowski não escondeu o incômodo. Disse que a solicitação foi feita através dos canais oficiais, com todas as formalidades diplomáticas de praxe. Agora, é esperar.
Não é de hoje que as relações entre Brasil e Estados Unidos andam… bem, complicadas. Mas impedir a entrada de um autoridade desse nível para um evento multilateral? Isso é coisa séria. Parece até aqueles filmes de espionagem, mas é a vida real — e a soberania nacional em jogo.
E agora, como fica?
Se o visto não sair, a situação vira um precedente perigoso. O ministro deixou claro: a ONU é uma instituição que depende do respeito entre nações. Qualquer barreira a um convidado oficial fere não só o país, mas o multilateralismo. E ninguém quer isso — pelo menos não publicamente.
Enquanto isso, o Itamaraty segue em silêncio estratégico. Nada de pronunciamentos bombásticos. Apenas a movimentação discreta — e espera-se que eficaz — da diplomacia. Por trás das cortinas, é bem possível que os telegramas estejam fervilhando.
Uma coisa é certa: o mundo está olhando. Como será que os EUA vão responder? Vão ceder ao protocolo ou arriscar mais uma crise diplomática? Só o tempo — e talvez um certo departamento de vistos — dirá.