
Não é só de discursos e reuniões que se faz a guerra. Às vezes, a mensagem mais poderosa vem sem palavras — está costurada nas roupas. Volodymyr Zelensky, o presidente da Ucrânia, virou mestre nessa linguagem silenciosa. Seu uniforme? Um terno preto. Simples, direto, quase um manifesto.
Nos últimos meses, enquanto a Ucrânia resiste à invasão russa, Zelensky trocou os tradicionais ternos azuis por peças escuras. Não é falta de opção. É cálculo político. "Quando seu país está de luto, você veste luto", disse um assessor próximo, em off. E aí está: o preto virou a cor oficial da resistência ucraniana.
Diplomacia das aparências
Quem acompanha política internacional sabe — cada detalhe é mensurado. A escolha de Zelensky lembra Churchill e seu eterno terno de tweed durante a Segunda Guerra. Ou até mesmo a jaqueta militar verde-oliva de Putin, que virou praticamente uma segunda pele.
Mas há diferenças cruciais:
- O preto de Zelensky não militariza sua imagem
- Transmiste solenidade sem agressividade
- Cria identificação com civis em luto
"É quase como se ele dissesse: 'Estamos todos nisso juntos'", analisa uma professora de estudos políticos da USP. E funciona. Pesquisas mostram que 94% dos ucranianos aprovam seu presidente. Coincidência? Difícil dizer.
Moda como arma política
Nos corredores do poder, roupas nunca são apenas roupas. Lembra quando Angela Merkel usou aquela blusa rosa choque na reunião com Putin? Ou o colete à prova de balas de Zelensky nos primeiros dias da guerra? Cada peça conta uma história.
O terno preto atual parece gritar (sem levantar a voz): "Não esqueçam que estamos em guerra". Enquanto outros líderes trocam de roupa como quem troca de estratégia, Zelensky mantém a constância visual. Quase como um lembrete visual permanente da situação do país.
E tem mais: o preto nivela. Em videoconferências com líderes mundiais, enquanto eles aparecem de ternos coloridos em salas luxuosas, Zelensky mantém sua imagem austera. O contraste é proposital — e eficiente.
O luto como linguagem universal
Talvez o aspecto mais genial dessa estratégia seja sua universalidade. O luto fala todas as línguas. Quando Zelensky aparece de preto no Parlamento Europeu ou na ONU, a mensagem atravessa barreiras culturais sem precisar de tradução.
"É comunicação não-verbal no seu nível mais sofisticado", define um especialista em relações internacionais. E enquanto a guerra continua, parece que o guarda-roupa presidencial ucraniano vai manter sua paleta monocromática. Afinal, como diz um velho provérbio diplomático: "Às vezes, o silêncio fala mais alto — e as cores também".