O empresário conservador Nasry Asfura foi oficialmente declarado vencedor da eleição presidencial de Honduras, encerrando um processo conturbado que durou três semanas e foi marcado por acusações de irregularidades. Apoiado publicamente pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Asfura assume o cargo em um momento de profunda polarização no país centro-americano.
Vitória apertada e contestação
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Nasry Juan Asfura Zablah como presidente eleito para um mandato de quatro anos. O resultado veio após a apuração de 97,8% dos votos, que mostrou uma diferença mínima entre os candidatos. Asfura, de 67 anos e filho de imigrantes palestinos, obteve 40,1% dos sufrágios.
Seu principal adversário, o também conservador e apresentador de TV Salvador Nasralla, ficou com 39,53%, uma margem de menos de 1%. A candidata da esquerda, Rixi Moncada, apoiada pela atual presidente Xiomara Castro, recebeu 19,19% dos votos. Tanto Nasralla quanto Moncada contestaram o processo, exigindo uma recontagem completa devido a supostas inconsistências.
O papel de Trump e a reação internacional
A eleição de Asfura tem a forte marca do apoio de Donald Trump. Antes da votação, realizada em 30 de novembro, o republicano ameaçou cortar a ajuda americana a Honduras se os eleitores não escolhessem seu candidato. Além disso, em uma jogada política impactante, Trump concedeu indulto ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, do mesmo partido de Asfura, que cumpria pena de 45 anos de prisão nos EUA por narcotráfico.
O governo dos Estados Unidos, através do secretário de Estado Marco Rubio, saudou rapidamente a vitória de Asfura. Rubio afirmou que espera cooperar com o novo governo para conter a imigração ilegal rumo aos EUA, além de avançar em questões de segurança e laços econômicos. Ele pediu a todos os lados que respeitassem o resultado confirmado para garantir uma transição pacífica de poder.
Desafios para o novo governo
Asfura, ex-prefeito da capital Tegucigalpa e empresário do setor da construção, herdará um país com enormes desafios. Honduras é um dos países mais violentos das Américas, com uma taxa de 27 homicídios para cada 100 mil habitantes em 2024, apesar dos esforços do governo anterior. As gangues Barrio 18 e Mara Salvatrucha, assim como o narcotráfico, assolam a nação.
Economicamente, o presidente eleito promete atrair investimentos estrangeiros para um país de 11 milhões de habitantes. Ele destacou a importância dos Estados Unidos, principal parceiro comercial e lar de cerca de 2 milhões de hondurenhos, cujas remessas financeiras representam um terço do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
A posse de Nasry Asfura está marcada para o dia 27 de janeiro. Sua vitória representa o retorno da direita ao poder após o mandato de quatro anos da esquerdista Xiomara Castro e reflete uma tendência de avanço conservador observada recentemente em outros países da região, como Chile, Bolívia, Peru e Argentina.