
O que faz alguém ser verdadeiramente grande? Títulos, prêmios, reconhecimento internacional? Às vezes, a grandeza mora justamente onde as honrarias não alcançam. E na Venezuela de hoje, há uma mulher que personifica essa verdade com uma coragem que dói nos ossos.
Maria Corina Machado não precisa de medalhas no peito para provar seu valor. Sua luta — ah, sua luta — fala por si mesma. Enquanto o mundo discute quem merece o próximo Nobel, ela enfrenta diariamente um regime que não hesita em esmagar qualquer voz dissonante. E faz isso com uma dignidade que chega a ser desconcertante.
O preço da resistência
Imaginem só: ser despojada do direito de concorrer a cargos públicos. Ter seus movimentos vigiados 24 horas por dia. Receber ameaças veladas — e nem tão veladas assim — contra si e sua família. A maioria de nós desmoronaria. Mas não ela. Maria Corina transformou a perseguição em combustível para seguir em frente.
É curioso como funcionam as ditaduras modernas. Pensam que ao cassar direitos políticos, silenciam a pessoa. Só que se esquecem de um detalhe crucial: quando você tira tudo de alguém que já perdeu o medo, o que sobra é pura convicção. E convicção, meus amigos, não se prende com algemas.
Mais que uma candidata, um símbolo
O que realmente impressiona na trajetória dessa engenheira civil de 56 anos não são os números das pesquisas — que, aliás, mostram sua liderança avassaladora — mas sim a conexão visceral que estabeleceu com o povo venezuelano. Nas ruas, nas filas dos mercados, nas conversas de esquina, seu nome virou sinônimo de esperança.
E sabe o que é mais extraordinário? Ela poderia ter escolhido o caminho mais fácil. Com sua formação e experiência, poderia estar vivendo confortavelmente no exterior, longe da crise que consome seu país. Mas preferiu ficar. Preferiu o incômodo da luta ao conforto do exílio.
O verdadeiro significado da coragem
Às vezes me pergunto de onde vem essa força toda. Talvez da memória do filho que perdeu em 2021 — uma dor que nenhum prêmio no mundo seria capaz de compensar. Talvez da convicção inabalável de que a Venezuela merece algo melhor do que a miséria atual.
O regime de Maduro, é claro, continua tentando desqualificá-la. Acusações absurdas, fake news, campanhas de difamação — o manual completo do autoritarismo do século XXI. Só que há um problema: quando você já enfrentou o pior que um regime pode oferecer, o resto perde o efeito.
E enquanto isso, nas ruas de Caracas e de outras cidades venezuelanas, algo interessante acontece. Pessoas que nunca se envolveram com política começam a ver em Maria Corina algo raro: autenticidade. Alguém que fala o que pensa, que não negocia seus princípios, que prefere a verdade inconveniente à mentira confortável.
Um legado que ultrapassa fronteiras
O que está em jogo aqui vai muito além das eleições venezuelanas. É uma batalha entre dois modelos de sociedade: um baseado no medo e no controle, outro na liberdade e na esperança. E no centro desse furacão político, uma mulher que se recusa a baixar a cabeça.
Talvez daqui a alguns anos, quando historiadores analisarem este período conturbado, cheguem a uma conclusão simples: Maria Corina Machado já era Nobel muito antes de qualquer comitê em Estocolmo pensar em premiá-la. Seu prêmio é o respeito de seu povo — e isso, convenhamos, não tem preço.
Enquanto isso, ela segue. Persistente. Incansável. Lembrando a todos nós que há coisas na vida que valem mais que qualquer honraria internacional. Como a dignidade, por exemplo. E a coragem de seguir em frente quando tudo ao redor parece desmoronar.