
Eis que surge uma daquelas reviravoltas de opinião que fazem os analistas coçarem a cabeça. Num cenário geopolítico tão polarizado, quem diria? Uma pesquisa recente, conduzida pela Universidade de Maryland em parceria com a consultoria CSPC, trouxe um dado que está causando frisson nos círculos diplomáticos: a maioria dos estadunidenses, sim, você leu certo, defende que seu governo reconheça a Palestina como um Estado soberano. Algo em torno de 52% dos entrevistados, para ser exato.
Não é fascinante? Enquanto Washington continua firmemente alinhado com Israel – praticamente uma religião na política externa americana há décadas – o cidadão comum parece estar seguindo um caminho bem diferente. A galera nas ruas, nos cafés, nas pequenas cidades do interior… está repensando coisas.
Os Jovens Estão Ditando o Novo Tom
O abismo geracional aqui é de cair o queixo. Entre os menores de 30 anos, o apoio ao reconhecimento palestino dispara para 65%. Sessenta e cinco por cento! É um número gritante, que fala muito sobre como a nova geração enxerga esse conflito milenar. Eles cresceram vendo imagens diferentes, consumindo notícias por outras vias, talvez sejam menos influenciados por certos… como dizer… dogmas históricos.
Já entre os mais velhos, aqueles com mais de 65 anos, o apoio despenca para meros 43%. Uma diferença brutal, não acha? Parece que estamos falando de dois países distintos, não de duas faixas etárias dentro da mesma nação.
O Fantasma da Crise Humanitária em Gaza
Não dá pra ignorar o elefante na sala. A ofensiva israelense em Gaza, que se seguiu aos ataques do Hamas em outubro do ano passado, mudou tudo. As imagens que circularam pelo mundo – e, claro, pelas redes sociais – foram de um impacto devastador. E os americanos, como todo mundo, não ficaram imunes.
A pesquisa mostra, com todas as letras, que a opinião pública sobre Israel piorou significativamente desde então. A aprovação das ações do governo Netanyahu caiu de 44% em setembro para apenas 33% agora. Trinta e três por cento! É uma queda livre. E a reprovação, claro, subiu de 40% para 53%. A maioria já não compra mais o que Israel está vendendo.
E tem mais: 54% dos americanos defendem que os EUA parem de enviar armas para Israel enquanto essas armas forem usadas em Gaza. Cinquenta e quatro por cento! É um sinal claro, um recado direto à Casa Branca. O povo não quer seu dinheiro de impostos e seu arsenal sendo usados num conflito que parece cada vez mais… sem saída.
O Que Isso Tudo Significa, Afinal?
Bom, é a pergunta de um milhão de dólares. A política externa não é um reflexo direto das pesquisas de opinião, graças a Deus (ou não). Mas uma discrepância tão grande, tão gritante, entre o que Washington faz e o que o povo americano quer… não pode ser ignorada para sempre.
Estamos vendo as fundações de um consenso de décadas rachando. Aquele apoio incondicional a Israel, que era praticamente um artigo de fé na política dos EUA, já não é mais tão incondicional assim. Pelo menos não para o Joe e a Jane Doe.
Fica a pergunta no ar: quanto tempo até que essa mudança de vento na base eleitoral force uma mudança real, concreta, na posição oficial do país mais poderoso do mundo? Só o tempo – e as próximas eleições – dirão.