Presidente Lula é mencionado em correspondências do caso Epstein
Novos documentos relacionados ao caso Jeffrey Epstein, divulgados nesta quarta-feira (12) por parlamentares republicanos dos Estados Unidos, trazem uma menção surpreendente ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Os emails revelam detalhes sobre as atividades do financista americano, acusado de tráfico sexual.
Nos registros, Epstein afirma ter recebido uma ligação direto da prisão envolvendo o escritor americano Noam Chomsky e o presidente Lula. A comunicação ocorreu durante o período em que o petista estava preso na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Contexto temporal das mensagens
As mensagens trocadas por Epstein datam de setembro de 2018, exatamente o mesmo período em que Noam Chomsky visitou Lula na prisão. O linguista e ativista político americano foi um dos intelectuais internacionais que manifestaram apoio ao então preso político.
Nos arquivos divulgados, após relatar a ligação recebida, o interlocutor de Epstein - cuja identidade não foi revelada - escreve uma frase intrigante: "Diga a ele que meu garoto vai vencer a eleição no primeiro turno". A declaração sugere conhecimento antecipado sobre o resultado das eleições brasileiras daquele ano.
Referências à política brasileira
As mensagens continuam com Epstein citando "uma mensagem de Lula ao Partido dos Trabalhadores sobre a militância da organização", que teria sido emitida naquele mesmo dia. Pouco depois, em outra passagem dos documentos, o financista comenta sobre Jair Bolsonaro, escrevendo "Bolsonara [sic] the real deal", que em português significa "Bolsonaro é o cara".
A publicação desses documentos pelos republicanos ocorre em um contexto político tenso nos Estados Unidos. Membros do Partido Democrata haviam divulgado três emails atribuídos a Epstein que sugeriam que o ex-presidente Donald Trump tinha conhecimento dos abusos sexuais cometidos pelo financista.
Relação entre Trump e Epstein
Os arquivos confirmam que Trump e Epstein mantiveram amizade nas décadas de 1980 e 1990, frequentando eventos sociais juntos em Nova York e Flórida. Em resposta às acusações, Trump afirmou que os democratas "estão tentando ressuscitar a farsa de Jeffrey Epstein" com uma "armadilha" para desviar a atenção "do quão desastrosos foram com a paralisação do governo".
Em uma das trocas de email mais reveladoras, o próprio Epstein chega a afirmar: "Sou o único capaz de derrubar Trump", demonstrando a complexa rede de relações de poder que envolviam o controverso financista.
Os documentos foram compartilhados oficialmente por membros do Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, acrescentando novos capítulos a um dos casos mais midiáticos e polêmicos dos últimos anos.