
Parece coisa de filme de ficção, mas é a realidade mais crua que você pode imaginar. Dois anos se passaram desde que os primeiros foguetes riscaram o céu de Gaza, e o que restou foi um cenário de destruição que desafia qualquer descrição. A verdade é que números nunca contam histórias completas, mas quando falamos que mais de 80% da população teve que sair de casa às pressas, a coisa ganha uma dimensão assustadora.
Um mar de gente sem rumo
Pense bem: 1,9 milhão de pessoas. É como se toda a população do Recife decidisse, do nada, empacotar o que pudesse carregar e sair andando sem saber para onde. A diferença é que em Gaza não há para onde correr — você está basicamente encurralado em um território minúsculo, cercado por todos os lados.
O que mais me impressiona, francamente, é a velocidade com que tudo aconteceu. Em questão de meses, bairros inteiros simplesmente deixaram de existir. Ruas que antes fervilhavam de vida agora são apenas escombros e lembranças. E as pessoas? Bem, elas se amontoam onde dá — em escolas, tendas improvisadas, qualquer teto que ainda ofereça alguma proteção.
O inferno na terra
Dá para imaginar viver com 15 outras pessoas em um cômodo único? Pois é, essa é a média por abrigo atualmente. O saneamento básico — quando existe — é precário ao extremo. Doenças se espalham como fogo em palha seca, e o acesso a água potável virou artigo de luxo.
- Famílias inteiras dividindo um único colchão
- Crianças estudando — quando estudam — em salas superlotadas
- Idosos sem medicamentos essenciais
- Mulheres dando luz em condições que lembram a Idade Média
E o pior de tudo? Ninguém sabe quando — ou se — isso vai acabar.
As cicatrizes invisíveis
Enquanto o mundo discute geopolítica em salas com ar condicionado, a saúde mental dessa população vai pro espaço. Trauma coletivo não é nem começo para descrever a situação. Crianças que não lembram como era viver em uma casa de verdade, adultos que perderam tudo — e digo TUDO mesmo — da noite para o dia.
O que me deixa mais perplexo é a resiliência humana. Como é que essas pessoas ainda conseguem encontrar forças para seguir em frente? Talvez seja a única escolha que lhes restou.
Os números oficiais — quando conseguem ser coletados — mostram que a infraestrutura básica foi dizimada. Hospitais funcionando com geradores improvisados, escolas que mais parecem depósitos de gente, estradas intransitáveis. É como se o tempo tivesse voltado 50 anos em pleno século 21.
E agora, José?
A comunidade internacional parece andar em círculos. Enquanto isso, o povo de Gaza enfrenta uma realidade cada vez mais sombria. O que era para ser temporário virou permanente, e o futuro — bem, que futuro?
Dois anos se passaram. Dois anos de promessas não cumpridas, de esperanças frustradas, de vidas interrompidas. E no centro disso tudo, 1,9 milhão de almas tentando sobreviver a um pesadelo que não tem hora para acabar.
É difícil não se perguntar: até quando?