O governo da Venezuela confirmou oficialmente, neste sábado, a morte do ex-governador do estado de Nueva Esparta, Alfredo Díaz, enquanto ele estava detido. A informação, que já circulava por meio de organizações não governamentais e partidos da oposição, foi atribuída a um ataque cardíaco pelas autoridades penitenciárias do país.
Detalhes da morte e versão oficial
Segundo um comunicado emitido pelo Ministério do Serviço Penitenciário da Venezuela, o fato ocorreu por volta das 06h33 do horário local (10h33 GMT). Díaz teria apresentado sintomas compatíveis com um infarto do miocárdio e foi socorrido inicialmente por outros detentos.
O ministério afirmou que o ex-governador recebeu atendimento "imediatamente" na emergência do centro penitenciário e, devido à gravidade do caso, foi transferido para o Hospital Universitário de Caracas. Apesar dos esforços para estabilizá-lo, ele faleceu minutos depois de ser internado.
No comunicado, o governo venezuelano também defendeu a legalidade do processo contra Díaz, alegando que ele "estava sendo processado com plena garantia de seus direitos" e que isso seria comprovado por vídeos e registros.
Denúncias da oposição e contexto político
Antes do anúncio oficial, líderes da oposição venezuelana já haviam se manifestado. María Corina Machado e Edmundo González Urrutia emitiram um comunicado conjunto nas redes sociais classificando a morte como parte de um "padrão contínuo de repressão estatal".
Eles denunciaram que, desde as eleições presidenciais de 28 de julho de 2024, já são sete os presos políticos que morreram na prisão. Segundo a oposição, as circunstâncias dessas mortes envolvem:
- Negação de cuidados médicos adequados.
- Condições desumanas de detenção.
- Isolamento e tortura.
- Tratamentos cruéis e degradantes.
Especificamente sobre Díaz, os líderes opositores afirmaram que sua integridade e vida eram "responsabilidade exclusiva daqueles que o mantinham arbitrariamente sequestrado" no El Helicoide, sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin). Por isso, ressaltaram que "não pode ser tratada como uma morte comum".
Quem era Alfredo Díaz e sua prisão
Alfredo Díaz era um político experiente, filiado ao partido de oposição Ação Democrática. Ele havia sido vereador, prefeito e, posteriormente, governador do estado de Nueva Esparta.
Sua detenção ocorreu em novembro de 2024, em meio à intensa crise política que se seguiu às eleições presidenciais daquele ano. A principal coalizão de oposição havia denunciado fraude no resultado que garantiu a reeleição do presidente Nicolás Maduro.
Díaz era uma voz crítica. Ele havia questionado publicamente a falta de transparência na divulgação dos resultados detalhados das eleições. Poucos dias antes de ser preso, também denunciou a grave crise elétrica que afetou Nueva Esparta naquele mês – problema que o governo atribuiu a supostos ataques da oposição.
A morte de Alfredo Díaz acende um novo alerta sobre a situação dos direitos humanos e do tratamento dado a opositores políticos na Venezuela, aprofundando as divisões e a desconfiança no país.