Brasil propõe negociação de tarifas de 50% em reunião com EUA
Brasil e EUA negociam tarifas de 50% no Canadá

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, realizou um encontro crucial com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, durante a cúpula do G7 no Canadá. A reunião ocorreu nesta quarta-feira, 12 de novembro de 2025, e teve como foco principal a discussão sobre as tarifas de importação de 50% que afetam produtos brasileiros nos Estados Unidos.

Proposta brasileira para negociar tarifas

De acordo com fontes próximas às negociações, o chanceler brasileiro informou ao diplomata americano que o Brasil já havia encaminhado uma proposta formal para a negociação das tarifas em 4 de novembro. Este movimento representa um avanço significativo nas discussões comerciais entre os dois países, que enfrentam tensões recentes em suas relações bilaterais.

O encontro entre Vieira e Rubio dá continuidade à reunião anterior entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizada em 26 de outubro na Malásia. Naquela ocasião, os líderes estabeleceram um cronograma de reuniões para buscar um acordo considerado "satisfatório" sobre a questão tarifária.

Impacto no mercado de café

O setor cafeeiro brasileiro tem sido um dos mais afetados pelas medidas americanas. Desde agosto, o Brasil sofre com a sobretaxa de 50% na venda de produtos para os Estados Unidos, incluindo o café, do qual o país é um dos principais fornecedores para o mercado americano.

Como consequência direta da tarifa, o preço médio do café brasileiro nos EUA subiu aproximadamente 40%, reduzindo significativamente a competitividade frente a origens como Honduras e Vietnã. Esta mudança forçou importadores americanos a renegociar contratos e diminuir as compras de blends brasileiros, tradicionalmente utilizados por grandes torrefadoras e redes de cafeterias.

Em entrevista à Fox News na terça-feira, o presidente Trump sinalizou possíveis mudanças, afirmando que pretende reduzir "algumas tarifas" sobre a importação de café para os Estados Unidos. No entanto, o republicano não especificou quais países seriam beneficiados por essa medida.

Tensões nas relações bilaterais

As relações entre Brasil e Estados Unidos entraram em uma fase de tensão após a aplicação de tarifas a produtos brasileiros e sanções a autoridades nacionais pelos americanos. As medidas foram uma resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe.

Antes submetidas a uma taxa de 10%, as mercadorias do Brasil passaram a enfrentar uma das maiores alíquotas americanas no mundo, fixada em 50%. Paralelamente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, foi sancionado com a Lei Magnitsky, enquanto outros magistrados e ministros tiveram seus vistos americanos cancelados.

O governo brasileiro tem mantido uma posição firme diante das medidas americanas. O chanceler Mauro Vieira já deixou claro que a soberania do Brasil "não é moeda de troca diante de exigências inaceitáveis", reafirmando que o país não aceitaria interferências em seus assuntos internos.