
Não é de hoje que o clima entre Brasília e Washington anda mais tenso que um fio esticado. Mas nos últimos dias, a coisa pegou fogo — e o governo brasileiro, que até então segurava a onda com discursos diplomáticos, começou a mostrar as unhas.
Segundo fontes do Itamaraty, a paciência está se esgotando. E não é por pouco: os EUA vêm adotando medidas que, nas palavras de um diplomata brasileiro, "passam longe do espírito de cooperação que sempre defendemos". O que era um desentendimento discreto agora parece virar um cabo de guerra.
O que pegou no pé do Brasil?
Três pontos principais estão deixando os brasileiros com os cabelos em pé:
- Barreiras comerciais: Os norte-americanos inventaram novas regras para produtos agrícolas — e adivinha quem sai perdendo?
- Pressão ambiental: Discursos de autoridades dos EUA sobre a Amazônia soaram, nas entrelinhas, como ingerência em assuntos internos.
- Alinhamento geopolítico: A insistência em posições que o Brasil considera desequilibradas em conflitos internacionais.
Não é que o Brasil esteja sozinho nessa. Outros países emergentes também têm resmungado nos corredores da ONU sobre o que chamam de "unilateralismo disfarçado". Mas o Itamaraty, normalmente comedido, resolveu deixar o incômodo transparecer.
E agora, José?
O problema é que ninguém quer — ou pode — partir para uma briga aberta. O comércio bilateral gira em torno de US$ 100 bilhões por ano. "Temos muito a perder", admite um assessor do Ministério da Economia, "mas também temos nosso orgulho e interesses estratégicos".
Enquanto isso, diplomatas veteranos comparam a situação a um casamento em crise: ninguém fala em divórcio, mas o clima em casa está insuportável. E como todo bom relacionamento conturbado, a saída pode estar em conversas francas — ou na decisão de seguir caminhos separados em certos temas.
Uma coisa é certa: o Brasil não está mais disposto a engolir sapos sem chiar. Resta saber se Washington vai perceber a mensagem antes que a situação descambe para algo pior.