Brasil adia Cúpula do Mercosul para garantir assinatura do acordo com UE
Brasil adia Cúpula do Mercosul por acordo com UE

O governo brasileiro decidiu adiar a Cúpula dos Líderes do Mercosul, originalmente programada para 20 de dezembro em Foz do Iguaçu, para janeiro do próximo ano. A mudança faz parte de uma estratégia diplomática para garantir que o Brasil assine o acordo comercial com a União Europeia durante sua presidência do bloco sul-americano.

Estratégia diplomática por trás do adiamento

Fontes do governo explicam que a administração Lula quer levar o crédito pelo fechamento das negociações do acordo, considerando o grande esforço político e diplomático realizado pelo presidente. Lula chegou a fazer apelos públicos ao presidente francês Emmanuel Macron, pedindo que "abrisse o coração" para o acordo.

A França tem sido um dos países mais críticos ao entendimento, argumentando que alguns termos podem prejudicar seus produtores rurais. Com as articulações brasileiras, um novo cronograma foi estabelecido: o Brasil pretende trazer representantes da União Europeia para Brasília no dia 20 de dezembro para a assinatura do acordo.

Funcionamento da presidência rotativa

Pelas regras do Mercosul, a presidência rotativa - atualmente exercida pelo Brasil - deve ser passada adiante durante as cúpulas de Chefes de Estado. O Paraguai é o próximo país a assumir o comando do grupo.

O governo brasileiro justifica o adiamento citando precedentes históricos: em pelo menos 20 edições, o encontro ocorreu no mês seguinte ao término do mandato do país que ocupava a presidência do bloco. Além disso, havia problemas de compatibilidade de agenda entre alguns países membros, como Paraguai e Argentina.

Importância do acordo comercial

As negociações para o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia se arrastam há mais de duas décadas. Se ratificado, criará a maior zona de livre comércio do mundo, envolvendo:

  • 722 milhões de habitantes
  • PIB de 22 trilhões de dólares

O Parlamento Europeu e os estados-membros da UE devem votar a adesão nos dias 18 e 19 de dezembro. A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos mobilizou países europeus a buscarem novas alianças comerciais, acelerando negociações com Índia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos.

Para defensores do acordo, o Mercosul representa um mercado em expansão para carros, máquinas e produtos químicos europeus, além de ser fonte confiável de minerais essenciais para a transição energética, como o lítio usado em baterias.

Entretanto, mesmo dentro do Mercosul, o acordo gera controvérsias. Especialistas alertam que o bloco sul-americano pode sofrer impactos com a concorrência europeia em alguns setores específicos da economia.