O tráfego aéreo nos Estados Unidos enfrenta um dos seus piores momentos em mais de um ano, com milhares de voos cancelados e atrasados em todo o país. A crise é resultado direto da paralisação do governo federal, que completa 41 dias sem uma solução para o impasse orçamentário.
Caos nos aeroportos e ameaças presidenciais
Nesta segunda-feira, 10 de novembro de 2025, o presidente Donald Trump usou sua rede social Truth Social para fazer um apelo agressivo aos controladores de voo. "Todos os controladores de voo devem voltar ao trabalho agora! Quem não o fizer será substancialmente punido", declarou o mandatário.
Trump também prometeu um bônus de US$ 10 mil (equivalente a mais de R$ 52 mil) para os profissionais que não tirarem folga durante o período do shutdown. No entanto, o presidente não detalhou como esses pagamentos seriam realizados, considerando que o próprio governo está paralisado.
Números alarmantes do colapso aéreo
Os dados do site FlightAware revelam a dimensão da crise:
- Mais de 2.100 voos cancelados apenas nesta segunda-feira
- Cerca de 6.000 voos atrasados em todo o território americano
- Quase 3.000 cancelamentos e 11.000 atrasos registrados no domingo
Os aeroportos mais afetados pelo caos aéreo incluem:
- Chicago O'Hare: 454 voos cancelados
- Atlanta Hartsfield-Jackson: 227 cancelamentos
- LaGuardia (Nova York): 144 voos cancelados
Problema estrutural agravado pela política
A situação se intensificou dramaticamente durante o fim de semana, quando 81 centros de controle de tráfego aéreo registraram falta de pessoal - um recorde desde o início do shutdown em 1º de outubro.
De acordo com a Administração Federal de Aviação (FAA), entre 20% e 40% dos controladores têm se ausentado diariamente. Muitos desses profissionais trabalham sem receber salários desde o início da paralisação, sendo obrigados a buscar empregos temporários ou enfrentar dificuldades financeiras para manter suas famílias.
Nick Daniels, presidente do sindicato nacional dos controladores de voo, defendeu sua categoria durante coletiva de imprensa: "Nossos profissionais continuam trabalhando, mesmo sem receber. Eles merecem ser pagos e reconhecidos, não transformados em peões políticos".
O problema é ainda mais grave porque, mesmo antes da paralisação, a FAA já enfrentava um déficit de 3.500 controladores e operava com jornadas de seis dias por semana e horas extras obrigatórias.
Repercussão política e pressão das companhias aéreas
O deputado democrata Rick Larsen, que supervisiona o comitê da Câmara responsável pela FAA, contra-atacou as declarações de Trump: "Os controladores merecem agradecimento e respeito, não ataques histéricos à sua lealdade".
As companhias aéreas também aumentaram a pressão sobre o Congresso americano. Bob Jordan, CEO da Southwest Airlines, foi direto: "O shutdown precisa terminar - e o caos que ele causa aos nossos clientes também".
David Seymour, diretor de operações da American Airlines, revelou que mais de 250 mil passageiros foram afetados apenas no fim de semana. "Isso é simplesmente inaceitável. Todos merecem melhor", declarou.
O secretário de Transportes, Sean Duffy, confirmou que os cortes de voos devem aumentar: 6% nesta terça-feira e até 10% até o fim da semana, indicando que a crise tende a se aprofundar sem uma solução imediata para o impasse político em Washington.