Lula e chanceler alertam: acordo Mercosul-UE é 'agora ou nunca'
Acordo Mercosul-UE: Lula adota tom de 'agora ou nunca'

O governo brasileiro adotou um tom de urgência máxima nas negociações do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Em declarações recentes, o chanceler Mauro Vieira detalhou os motivos por trás da postura de 'agora ou nunca' assumida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alertando que a oportunidade pode se esgotar definitivamente.

Janela de oportunidade está se fechando

As declarações do ministro das Relações Exteriores foram dadas ao programa 'Bom dia, ministro', da TV Brasil, nesta semana. O contexto é a reunião do Mercosul que começou nesta sexta-feira, 19 de dezembro de 2025, em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

Havia uma expectativa concreta de que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, viajasse para o encontro no sábado para finalmente assinar o tratado. No entanto, o avanço foi bloqueado por França e Itália, renovando as incertezas que persistem há anos.

Mauro Vieira foi direto ao ponto: 'Se (o acordo) não for concluído agora, não há mais o que negociar em termos substantivos'. Ele afirmou que, a partir do ano que vem, a força de trabalho negociadora do Brasil e do bloco será redirecionada para outras frentes.

Mercosul tem uma fila de outros interessados

O chanceler deixou claro que o Mercosul não ficará parado aguardando uma decisão europeia. Ele listou uma série de economias importantes que já demonstraram interesse em fechar acordos comerciais com o bloco sul-americano.

Entre os parceiros citados estão:

  • Canadá
  • Reino Unido
  • Japão
  • Vietnã
  • Indonésia
  • Malásia

Vieira ressaltou que grande parte desses países está entre as dez maiores economias do mundo, com três deles sendo membros do G20. 'Temos que começar a negociar', declarou, sinalizando uma mudança estratégica.

Além disso, ele lembrou que a Índia – destino de uma viagem presidencial marcada para fevereiro de 2026 – deseja expandir o leque de produtos cobertos por um acordo já existente com o Mercosul.

Consequências de um novo adiamento

A mensagem do Itamaraty é um ultimato pragmático. A demora europeia, marcada por objeções políticas internas de alguns países membros, está custando ao Mercosul oportunidades concretas com outros gigantes econômicos.

'Nós vamos dirigir nossa atenção e nossas energias para os outros parceiros importantes que estão na fila', afirmou Vieira. A declaração reflete uma avaliação de que o custo de continuar esperando pela UE tornou-se maior do que os benefícios potenciais, especialmente com um leque tão diversificado de opções na mesa.

O impasse coloca em risco um acordo que está em discussão há mais de duas décadas e que prometia criar uma das maiores zonas de livre comércio do planeta. A partir de 2026, segundo a visão brasileira, o capítulo das negociações com os europeus poderá ser dado como encerrado, independentemente do desfecho.