Aos 92 anos, presidente de Camarões busca 8º mandato consecutivo em eleição histórica
Aos 92 anos, presidente de Camarões busca 8º mandato

Imagine governar um país por mais de quatro décadas. Agora, some quase um século de vida. É exatamente essa combinação extraordinária que Paul Biya coloca em jogo nesta terça-feira em Camarões.

O homem que já está no poder desde que muita gente nem sonhava em nascer — desde 1982, para ser exato — decidiu que ainda tem lenha para queimar. Aos 92 anos, ele não apenas concorre, como busca seu oitavo mandato consecutivo. Oito! É quase difícil de processar.

Uma trajetória que atravessa gerações

Biya assumiu o comando do país africano quando o mundo ainda vivia a Guerra Fria. De lá para cá, testemunhou — e sobreviveu a — transformações globais profundas. Enquanto outros líderes iam e vinham, ele permanecia. Firme. Quase como uma instituição permanente.

As eleições acontecem em um contexto, digamos, peculiar. A oposição alega falta de condições igualitárias para a disputa. Não é difícil entender por quê. Afinal, como competir contra alguém que já está no poder há 43 anos?

O cenário político: estabilidade ou estagnação?

Seus apoiadores, claro, defendem a continuidade. Argumentam que Biya traz estabilidade a um país que, convenhamos, não é exatamente um mar de tranquilidade na região. Camarões enfrenta conflitos separatistas nas regiões de maioria anglófona — uma herança colonial complicada — e ameaças de grupos extremistas no norte.

Mas os críticos têm suas ressalvas. E não são poucas. Eles apontam para a idade avançada do presidente, seus longos períodos fora do país — frequentemente na Suíça — e uma certa, como dizer, lentidão na resposta a crises. Justo ou não, o fato é que o homem de 92 anos não parece ter pressa para sair de cena.

A verdade é que essa eleição vai muito além de uma simples disputa política. Ela representa um teste para a democracia camaronesa — e, de certa forma, para todo o continente africano. Até quando um líder pode permanecer no poder? Existe um limite natural para mandatos presidenciais?

O que esperar dos resultados

As pesquisas — quando existem — sugerem que Biya deve vencer sem grandes sustos. A máquina estatal, a experiência e a simples força do hábito parecem ser aliados poderosos. Mas em política, especialmente na África, surpresas sempre podem acontecer.

Enquanto isso, o povo camaronese aguarda. Como sempre aguardou. Alguns com esperança, outros com resignação, muitos com simples curiosidade para ver até onde vai essa história extraordinária de longevidade política.

Uma coisa é certa: não importa o resultado, Paul Biya já entrou para a história. Resta saber por quantos capítulos ainda pretende continuar escrevendo sua narrativa pessoal — e a de todo um país.