A votação da reforma do Estatuto do Corinthians, prevista para esta segunda-feira (24), foi suspensa após uma inédita articulação política que uniu grupos tradicionalmente antagônicos dentro do clube.
Articulação surpreendente une facções rivais
Após os conselheiros aprovarem por unanimidade a necessidade de alterações no Estatuto, surgiram divergências em relação ao anteprojeto liderado por Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo.
Jorge Kalil, ligado ao grupo Renovação e Transparência e com apoio de conselheiros vitalícios, foi o primeiro a solicitar a paralisação da votação. Em movimento surpreendente, Rubens Gomes (Rubão), diretor de futebol durante a gestão de Augusto Melo, uniu-se ao seu antigo opositor.
Posteriormente, Paulo Pedro, secretário do Conselho de Orientação (CORI) e líder do Movimento Corinthians Grande, ao lado do ex-candidato à presidência Felipe Ezabella, propôs que fossem votados apenas três pontos específicos:
- Direito ao voto do Fiel Torcedor
- Cota feminina no Conselho Deliberativo
- Proporcionalidade dos votos individuais
Novo calendário para a reforma estatutária
Após uma interrupção de aproximadamente dez minutos na sessão, Romeu Tuma Júnior conversou com as lideranças e também com Alê Oz, presidente da Gaviões da Fiel.
O presidente do Conselho propôs inicialmente que as audiências ocorressem entre segundas e quartas-feiras de dezembro, em dez sessões, com votação ainda em 2025. No entanto, os conselheiros rejeitaram a ideia de Tuma e definiram um novo calendário:
- Reuniões entre dezembro e fevereiro
- Votação no Conselho Deliberativo após o Carnaval
- Assembleia Geral de Sócios em março
Com isso, Romeu buscou garantir que as definições passem a valer já para a eleição de 2026.
Articulação nos bastidores desde o fim de semana
Os acontecimentos da reunião desta segunda-feira já vinham sendo previstos em encontros realizados no último fim de semana. Diversas reuniões ocorreram dentro e fora do Parque São Jorge, especialmente no sábado (22).
Líderes como Jorge Kalil e Felipe Ezabella reuniram-se com conselheiros vitalícios e integrantes da Renovação e Transparência, incluindo Ademir Benedito e Guilherme Strenger.
Ciente dessas movimentações, Romeu Tuma Júnior admitiu alternativas para evitar a reprovação total do anteprojeto de reforma estatutária, cogitando a possibilidade de rediscutir o projeto e agendar nova data para votação.
Apesar de ligeiramente frustrado com o andamento da reunião, Tuma avaliou o cenário como positivo, principalmente pelas garantias de que os pontos definidos na reforma serão aplicados já na eleição de 2026.
Reconciliação entre ex-presidente da Gaviões e André Negão
Logo após Tuma anunciar o encerramento da reunião, o ex-presidente da Gaviões da Fiel, Douglas Deúngaro (Metaleiro), pediu a palavra. Em seu discurso, criticou propostas de SAF no Corinthians e, ao final, pediu desculpas ao conselheiro André Luiz de Oliveira (André Negão), candidato derrotado na última eleição presidencial.
Metaleiro admitiu arrependimento por ter votado em Augusto Melo, presidente destituído por impeachment. Em resposta, André Negão deixou o local onde estava e abraçou Metaleiro, selando a reconciliação entre eles.