A derrota do Palmeiras para o Flamengo na final da Copa Libertadores, em Lima, no Peru, teve consequências que vão muito além do gramado. O resultado negativo impactou diretamente o projeto político da presidente Leila Pereira, que via na conquista do título continental um respaldo para buscar um terceiro mandato à frente do clube alviverde.
O título como justificativa para permanência
Aliados da dirigente consideravam a taça da Libertadores como uma resposta clara e popular de que Leila deveria continuar no comando. A presidente, que foi reeleita no ano passado com mandato até o fim de 2027, já havia admitido, antes da decisão em Lima, que pensava em permanecer por mais um período.
Em entrevista à ESPN na última quinta-feira, Leila Pereira revelou que existe uma corrente dentro do Palmeiras que defende uma alteração estatutária para permitir sua reeleição. "Tem uma corrente no Palmeiras que pensa, e algumas pessoas já me procuraram, em nós alterarmos o estatuto para ficar mais um mandato", disse ela, acrescentando: "Se o associado diz que sim, e eu gostaria de continuar mais um... Só mais um".
A reação da oposição e o recuo tático
As declarações públicas antes da final geraram desconforto entre conselheiros da oposição, que ainda são minoria no clube. A gestão de Leila, que frequentemente se exalta e a apresenta como exemplo para o futebol brasileiro, também é alvo de críticas. A blindagem do técnico Abel Ferreira, pouco cobrado publicamente apesar do clube estar há quase dois anos sem títulos relevantes – o último foi o Campeonato Paulista de 2024 –, gera insatisfação em setores da diretoria.
Para viabilizar um terceiro mandato, seria necessária uma mudança no estatuto do Palmeiras, já que ela está no segundo e último permitido pela regra atual. Conselheiros chegaram a estudar a viabilidade jurídica da alteração, e Leila demonstrou animação com a ideia nos bastidores. No entanto, diante de certa rejeição, a presidente recuou temporariamente.
O cenário parecia aquecer novamente com a expectativa do título da Libertadores, que daria um enorme capital político à mandatária. Contudo, a derrota para o Flamengo, rival direto na briga por taças, fez o assunto esfriar mais uma vez.
O futuro do projeto e a mensagem após a final
A possível alteração estatutária, conforme destacou a própria Leila, seria realizada de maneira democrática, através de votação entre os conselheiros do clube. Ela mesma comentou sobre o timing do movimento: "Não importa se você gosta ou não gosta da Leila. O importante é respeitar a regra. Quer mudar o estatuto? Muda o estatuto para daqui a cinco anos, para a próxima eleição, não com a bola rolando". Ela afirmou que não iniciou o movimento, mas também não o cortou.
Após a derrota em Lima, Leila Pereira usou as redes sociais para se manifestar. Em um comunicado, mostrou-se triste, mas calma, e prometeu continuar trabalhando. "Não tenham dúvida que continuarei lutando pela conquista de títulos. Aliás, lembrem-se sempre que só conquista quem chega às finais", escreveu.
Ela agradeceu a jogadores, comissão técnica, diretoria e torcedores, encerrando com uma frase de resiliência: "O que me machuca me deixa mais forte. Avanti Palestra". A mensagem deixa claro que, mesmo com o revés esportivo e o enfraquecimento do projeto do terceiro mandato, a presidente não pretende abandonar sua postura de luta pelo Palmeiras.