O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) deu um passo decisivo na proteção da integridade esportiva nacional ao anunciar a criação de um curso específico para combater a manipulação de resultados. A iniciativa foi revelada durante o II Fórum de Esporte Seguro, realizado nesta quarta-feira, 12 de novembro de 2025, no Rio de Janeiro.
Educação como principal arma
O diretor-geral do COB, Emanuel Rego, explicou à reportagem que o objetivo central do projeto é educar e disseminar informações entre atletas e profissionais do esporte. "É fundamental que todos saibam o quanto é nocivo para o esporte, para a ética, para os patrocinadores e torcedores a manipulação de resultados", afirmou Rego.
O curso será direcionado especialmente para atletas, treinadores e gestores, grupos considerados mais vulneráveis às tentativas de manipulação. A medida surge em um momento de crescimento exponencial do mercado de apostas esportivas no Brasil.
Cenário preocupante das apostas
Durante o Fórum, foram apresentados dados alarmantes sobre o aumento do volume de apostas nas últimas Olimpíadas de Verão. Futebol e basquete aparecem como as modalidades mais afetadas pela manipulação de resultados, segundo os especialistas presentes.
Sebastian Pereira, Gerente Executivo de Educação e Fomento do COB, enfatizou a necessidade de adaptação à nova realidade: "As casas de apostas são uma realidade. Nós precisamos agora levar conscientização sobre os possíveis perigos para o esporte em geral. Credibilidade, integridade e a ética são fundamentais".
Lições do passado
O evento também relembrou casos históricos que marcaram o esporte brasileiro, como a Máfia do Apito, escândalo revelado em setembro de 2005 pela reportagem de André Rizek. O caso mostrou como árbitros manipularam resultados do campeonato brasileiro de futebol a serviço de quadrilhas de apostadores.
Thiago Grigorovski, membro do Comitê de Integridade da Confederação Brasileira de Voleibol, destacou o impacto do caso: "Onze partidas foram anuladas e tiveram que ser realizadas novamente, o que acabou alterando também o resultado da competição".
Ele também chamou atenção para a demora nas mudanças legais, lembrando que na época do escândalo não existia tipificação da manipulação de resultados como crime no Brasil.
O II Fórum Esporte Seguro consolida-se como uma iniciativa crucial para fortalecer a cultura do jogo responsável e construir um ambiente esportivo mais transparente e ético para atletas, torcedores e todos os envolvidos no cenário esportivo nacional.