O Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos divulgou, nesta quinta-feira (18), um novo lote de fotografias provenientes do vasto acervo do falecido financista Jeffrey Epstein. As imagens, que totalizam 68, fazem parte de um conjunto de aproximadamente 95 mil recebido pelo comitê na semana anterior e trazem à tona novas associações entre o bilionário condenado por crimes sexuais e personalidades poderosas.
Conteúdo perturbador e figuras de destaque
Entre as fotografias divulgadas, cinco chamam atenção por mostrarem uma jovem seminua com trechos do polêmico romance "Lolita", de Vladimir Nabokov, escritos em diferentes partes de seu corpo. O livro narra a história de um homem obcecado por uma menina de 12 anos, paralelo perturbador aos crimes pelos quais Epstein foi condenado.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aparece em três das 19 fotos liberadas para a imprensa. Em uma delas, o republicano está cercado por várias mulheres, cujos rostos foram ocultados. Trump, que manteve amizade com Epstein por anos, sempre afirmou que rompeu laços por volta de 2004 e negou veementemente qualquer envolvimento em atividades ilegais.
O lote de imagens também inclui outras personalidades influentes, como:
- O ex-presidente Bill Clinton
- O aliado de Trump, Steve Bannon
- O ex-secretário do Tesouro Larry Summers
- O empresário Bill Gates
- O diretor Woody Allen
- Andrew Mountbatten-Windsor, que perdeu seu título de príncipe devido à sua ligação com Epstein
Pressão por transparência total
O deputado democrata Robert Garcia, membro sênior do comitê, emitiu um comunicado contundente junto com a divulgação. Ele afirmou que as mais de 95 mil fotos estão sendo analisadas e que novos materiais serão tornados públicos "nos próximos dias e semanas". Garcia defendeu o fim do que chamou de "acobertamento" e pressionou por justiça para as vítimas.
"Chegou a hora de acabar com esse acobertamento da Casa Branca e fazer justiça às vítimas de Jeffrey Epstein e seus poderosos amigos", declarou Garcia. "Essas fotos perturbadoras levantam ainda mais questões sobre Epstein e seus relacionamentos. Não descansaremos até que o povo americano saiba a verdade. O Departamento de Justiça deve divulgar todos os arquivos."
É importante ressaltar que, apesar do tom das declarações, as fotos em si não retratam nenhuma atividade ilegal sendo cometida pelos indivíduos presentes. O foco da investigação do comitê é esclarecer a extensão e a natureza desses relacionamentos.
Prazo legal e imagens da ilha
A divulgação ocorre em um momento de pressão legal. O Departamento de Justiça dos EUA tem até o dia 19 de dezembro para disponibilizar todos os arquivos da investigação sobre Epstein. Este prazo foi estabelecido após o presidente Trump sancionar uma lei aprovada pelo Congresso, mesmo sob desgaste político.
Anteriormente, na quarta-feira (3), deputados democratas já haviam divulgado imagens inéditas da propriedade de Epstein na ilha de Little Saint James, nas Ilhas Virgens Americanas. As fotos, que integram os mesmos arquivos cuja divulgação foi autorizada, mostram:
- Cômodos luxuosos da residência
- Um quarto de visitas
- O quarto pessoal de Epstein
- Um telefone com uma lista de contatos com nomes como Darren, Rich, Mike e Patrick
- Áreas de banho
- Uma placa com a mensagem "proibida a entrada"
Segundo as investigações, a ilha, comprada por Epstein em 1998, foi palco de parte dos crimes sexuais por ele cometidos. A divulgação contínua desses materiais mantém o caso Epstein no centro do debate público e político, com demandas crescentes por transparência e responsabilização.
