Numa declaração que pegou muitos de surpresa — mas nem tantos assim, pra quem acompanha o jogo político —, Tarcísio de Freitas soltou o verbo sobre o caso Bolsonaro. E não foi com meias palavras. O governador paulista, conhecido por suas opiniões afiadas, disparou: "Isso aqui já virou um circo onde o réu é condenado antes mesmo de entrar na arena".
Não dá pra ignorar o tom de indignação. Segundo ele, o ex-presidente foi "linchado publicamente" sem que as investigações tivessem sequer começado direito. E olha que a gente tá falando de um cara que não costuma bater palma pra deslize de aliado.
O timing que fala mais que as palavras
O que mais chama atenção? O momento escolhido. Enquanto boa parte da classe política prefere ficar em cima do muro — aquela velha tática de "deixa quieto até passar" —, Tarcísio resolveu botar a boca no trombone justamente quando o caso esquenta. Coragem? Estratégia? Os dois, provavelmente.
Ele não poupou críticas ao que chamou de "teatro midiático": "Primeiro vem a manchete, depois o julgamento popular e só lá no final — se sobrar tempo — aparece alguma prova concreta". Dá pra discordar? Até dá. Mas é difícil não reconhecer que ele tem um ponto ali.
Os números que ninguém comenta
Enquanto isso, nas redes sociais, o assunto virou um verdadeiro campo minado. De um lado, os que acham que Bolsonaro "colhe o que plantou". Do outro, quem vê perseguição política descarada. E no meio? Aquele silêncio constrangedor de quem prefere não se queimar com nenhum dos lados.
O que me pega é o seguinte: será que a gente, como sociedade, não tá perdendo a chance de discutir o que realmente importa? Tipo, sei lá, a tal da presunção de inocência — aquela coisinha básica que tá na Constituição mas parece ter virado artigo de luxo ultimamente.
Não tô dizendo que o ex-presidente é santo — longe disso. Mas será que o jogo sujo da política brasileira não merece pelo menos um pingo de reflexão antes do próximo capítulo dessa novela que já dura décadas?
