Uma nova pesquisa Datafolha, divulgada em 7 de dezembro de 2025, revela um cenário eleitoral desafiador para a oposição e um caminho potencialmente mais curto para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dados indicam que a confirmação da candidatura do senador Flávio Bolsonaro poderia levar a disputa presidencial de 2026 a ser decidida já no primeiro turno.
Os números da pesquisa: vantagem clara para Lula
Em votos válidos, que excluem brancos, nulos e indecisos, o presidente Lula aparece com 49% das intenções de voto no primeiro turno. Flávio Bolsonaro vem em segundo lugar, com 22%. Os demais pré-candidatos aparecem com percentuais menores: Ratinho Júnior (14%), Caiado (8%) e Zema (7%).
O cenário se torna ainda mais dramático para a oposição em uma simulação de segundo turno. Nesse caso, Lula venceria Flávio Bolsonaro por 59% a 41% nos votos válidos. Essa diferença de 18 pontos percentuais representaria a maior vantagem em um segundo turno presidencial desde a reeleição do próprio Lula, em 2006.
O peso do sobrenome Bolsonaro e cenários alternativos
O desempenho de Flávio Bolsonaro nas simulações aponta mais para a fragilidade do sobrenome Bolsonaro do que para uma força absoluta de Lula. A pesquisa mostra que simulações com outros membros da família, como Michelle ou Eduardo Bolsonaro, também resultam em uma vitória fácil do atual presidente.
Quando o nome testado é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o quadro muda. No primeiro turno, Lula teria 49% e Tarcísio, 27%. Em um eventual segundo turno entre os dois, a disputa ficaria mais apertada, com Lula a frente por 53% a 47%.
O governador do Paraná, Ratinho Júnior, apresenta um desempenho similar ao de Tarcísio em um segundo turno hipotético, perdendo por 54% a 46%. Isso reforça a tese de que é o legado da família Bolsonaro que prejudica as chances da oposição, e não necessariamente a força individual de outros nomes.
Contexto político: a direita fragmentada e a agenda do governo
Os últimos seis meses têm sido turbulentos para o campo bolsonarista. Entre os fatos citados que contribuíram para esse cenário estão: a condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado; a imposição de altas tarifas pelos EUA de Donald Trump ao Brasil, articulada por Eduardo Bolsonaro; o encolhimento das manifestações de rua; e as brigas públicas entre os filhos pela composição de chapas eleitorais.
Enquanto isso, o governo Lula tem anunciado uma série de medidas sociais e econômicas. Entre elas estão um programa de gratuidade de luz e gás para 18 milhões de famílias, a isenção do imposto de renda para 20 milhões de contribuintes, a ampliação do programa de financiamento habitacional para a classe média e a expansão do crédito Pé de Meia para estudantes do ensino médio. Para janeiro de 2026, está previsto um reajuste de 7,4% no salário mínimo.
Com onze meses ainda pela frente até as eleições de 2026, as previsões devem ser vistas com cautela. No entanto, a pesquisa Datafolha deixa claro que a candidatura de Flávio Bolsonaro, neste momento, parece ser um grande obstáculo para a ambição da oposição de derrotar Lula, aproximando o presidente de uma vitória já na primeira etapa do pleito.