Uma nova pesquisa do instituto Datafolha, divulgada neste sábado, 6 de dezembro de 2025, coloca o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em desvantagem significativa em um cenário de segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O levantamento, realizado antes do anúncio oficial da candidatura de Flávio, indica que o petista venceria a disputa por uma margem de 15 pontos percentuais.
Os números do confronto direto
De acordo com os dados coletados, Lula marcaria 51% das intenções de voto, enquanto Flávio Bolsonaro teria 36%. Os votos brancos e nulos somariam 12%, e apenas 1% dos entrevistados declarou não saber em quem votaria. A pesquisa ouviu 2.002 pessoas entre os dias 2 e 4 de dezembro, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Comparado ao levantamento anterior do Datafolha, realizado em julho, a vantagem de Lula aumentou. Na ocasião, o presidente aparecia com 48% contra 37% do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Governadores de direita apresentam cenário mais competitivo
O estudo revela uma tendência clara: candidatos da família Bolsonaro performam pior em pesquisas do que governadores de direita em potenciais embates contra Lula. Enquanto Flávio fica 15 pontos atrás, outros nomes do campo conservador mostram margens menores.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ficaria apenas 5 pontos atrás de Lula, com 42% contra 47% do petista. Já o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), teria 41% dos votos, ficando 6 pontos abaixo dos 47% de Lula. A diferença entre os desempenhos de Tarcísio e Ratinho Jr. está dentro da margem de erro da pesquisa.
Outros membros da família no cenário eleitoral
A pesquisa também simulou cenários com outros integrantes da família Bolsonaro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atualmente reside nos Estados Unidos, teria 35% dos votos contra 52% de Lula, uma diferença de 17 pontos. Já a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro apresenta um desempenho um pouco melhor, com 39% das intenções de voto, contra 50% do presidente petista.
Os resultados para Flávio e Eduardo estão dentro da margem de erro entre si, indicando um patamar similar de rejeição ou apoio eleitoral.
Contexto político e reações
Flávio Bolsonaro foi anunciado como pré-candidato à Presidência da República na sexta-feira, 5 de dezembro. O senador afirmou que foi escolhido pessoalmente por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, para liderar o campo bolsonarista na disputa de 2026. A indicação teria ocorrido durante uma visita de Flávio ao pai, que cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, condenado por tentativa de golpe de Estado.
A desvantagem expressiva de Flávio nas pesquisas ajuda a explicar a recepção fria de partidos do centrão à sua indicação. A preferência do eleitorado por nomes como Tarcísio e Ratinho Jr., que possuem maior capilaridade e experiência administrativa nos estados, sugere um caminho eleitoral mais difícil para candidatos que carregam principalmente o sobrenome Bolsonaro.
O Datafolha reforça, portanto, uma percepção que vem se consolidando em levantamentos anteriores: a direita encontra candidatos mais competitivos fora do núcleo familiar do ex-presidente, um dado que certamente influenciará as estratégias e alianças partidárias nos próximos meses.
