O cenário político para as eleições presidenciais de 2026 ganhou um novo capítulo com a indicação de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como candidato, movimento que já começa a gerar reações e análises sobre seu impacto na disputa. Em entrevista exclusiva à revista VEJA, o deputado federal e presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, avaliou que a iniciativa tende a dividir as forças de centro e de direita, beneficiando, em última instância, o projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma candidatura solitária, segundo o Solidariedade
Paulinho da Força foi enfático ao comentar o anúncio feito pelo PL e por Flávio Bolsonaro na tarde desta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025. O parlamentar reconheceu o direito de qualquer cidadão se candidatar, mas duvidou que a chapa do senador consiga formar uma ampla coalizão partidária. “Eu acredito que se o PL der legenda para ele, será provavelmente o único partido que vai apoiá-lo. Os demais partidos, com certeza, não irão nessa candidatura”, declarou.
Para o presidente do Solidariedade, o efeito prático dessa movimentação é a fragmentação do espectro político que vai do centro à direita, em vez de sua união. Ele acredita que outras candidaturas potenciais teriam maior capacidade de aglutinar esses setores. “Portanto, acho que é uma candidatura que divide o centro e a direita. E só tem um beneficiado nisso: o Lula, a candidatura [de reeleição] do Lula”, concluiu Paulinho da Força.
O contexto da indicação e as reações
A confirmação da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro veio após indicação formal de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-mandatário cumpre pena de mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de estado e está inelegível até o final da condenação. Diante da impossibilidade jurídica de concorrer, Bolsonaro designou o filho mais velho para representar seu legado nas urnas.
Flávio Bolsonaro afirmou se sentir honrado com a indicação e disse que vai trabalhar para se eleger. A decisão também foi recebida com apoio imediato de outros líderes e nomes importantes do bolsonarismo, que se declararam prontos para seguir a determinação do ex-presidente.
Alinhamento da esquerda e vantagem para Lula
Do outro lado do espectro político, a avaliação de Paulinho da Força encontrou eco. Integrantes do governo e parlamentares de esquerda concordaram com a tese de que a candidatura de Flávio Bolsonaro cria um cenário mais favorável para a reeleição de Lula. Eles enxergam a situação como um elemento que pode desorganizar a oposição e concentrar os esforços do campo governista em um único front menos consolidado.
A declaração do presidente do Solidariedade, partido que já integrou a base de apoio tanto de governos petistas quanto do governo Bolsonaro em momentos distintos, traz um olhar estratégico de quem conhece a dinâmica das alianças nacionais. Sua fala ressalta a importância da unidade de blocos para uma disputa presidencial e projeta um caminho árduo para a construção de uma frente ampla em torno da candidatura bolsonarista.
Com a eleição ainda distante, o episódio marca o início dos posicionamentos públicos e das manobras políticas que definirão os rumos da campanha de 2026. A capacidade de Flávio Bolsonaro de ampliar sua base para além do PL e do núcleo duro bolsonarista será um dos primeiros testes práticos de sua viabilidade eleitoral.