O líder da oposição no Congresso Nacional, senador Izalci Lucas (PL-DF), manifestou apoio público às críticas feitas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ponto de discórdia é a sabatina do indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), Jorge Messias, atual chefe da Advocacia-Geral da União (AGU).
Críticas à postura do Executivo
Izalci Lucas classificou como preocupante a atitude do Palácio do Planalto. Segundo o parlamentar, há uma tentativa clara de impor prazos e pressionar institucionalmente o Parlamento, o que, em sua avaliação, desqualifica as prerrogativas constitucionais do Legislativo. O senador foi enfático ao afirmar que qualquer tentativa de interferência no funcionamento do Congresso representa uma afronta ao Estado Democrático de Direito.
O apoio de Izalci segue a mesma linha do protesto público feito por Davi Alcolumbre. O presidente do Senado acusou o governo Lula de tentar associar divergências entre os Poderes a negociações de cargos e emendas orçamentárias, prática que considerou inadequada.
O cerne da disputa: a indicação de Messias ao STF
O imbróglio tem data marcada. A indicação de Jorge Messias para uma vaga no STF foi formalizada pelo presidente Lula em 20 de novembro de 2025. No entanto, conforme destacou Alcolumbre, o Planalto ainda não enviou ao Senado o documento oficial que formaliza essa indicação. Essa falta de envio, segundo o regimento interno, interfere diretamente no calendário da Casa, impedindo o início do processo de sabatina pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Enquanto o governo alega agilidade necessária para preencher a vaga, a cúpula do Senado vê a demora no envio do documento formal como uma manobra de pressão. A situação expõe a tensão política que cerca a nomeação para o Supremo.
Articulações nos bastidores
Conforme noticiado pelo Radar, Davi Alcolumbre não tem sido um mero espectador. Relatos indicam que o presidente do Senado tem articulado com outros parlamentares para evitar a aprovação de Messias na sabatina. O interesse de Alcolumbre seria ver seu aliado político, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nomeado para o cargo no STF.
Essa movimentação nos bastidores transforma a confirmação de Messias em um verdadeiro cabo de guerra político, onde os prazos processuais e as formalidades tornam-se armas de negociação entre o Executivo e a liderança do Senado.
O que está em jogo além da vaga no Supremo
O episódio vai além da simples indicação de um ministro. Coloca em debate a independência e harmonia entre os Poderes, princípio basilar da democracia brasileira. A acusação de que o governo estaria usando a liberação de emendas orçamentárias e cargos como moeda de troca para acelerar a sabatina toca em um ponto sensível da relação entre o Planalto e o Congresso.
Para a oposição, liderada por Izalci Lucas, a postura do governo Lula é um precedente perigoso. A fala do senador, somada à reclamação formal de Alcolumbre, sinaliza que uma parcela significativa do Senado não está disposta a ceder às pressões por celeridade, defendendo o ritmo e as regras do Legislativo como uma barreira contra eventuais abusos do Executivo.
A data de publicação das declarações, 1º de dezembro de 2025, marca o início de mais um capítulo dessa disputa institucional, cujo desfecho definirá não apenas o nome do próximo ministro do STF, mas também os limites da atuação do governo frente ao Congresso Nacional.