
Não é todo dia que uma figura como Marina Silva — aquela mulher de discurso firme e olhar sereno — admite sentir o peso da estranheza dos tempos atuais. Mas foi exatamente isso que aconteceu em uma conversa recente, onde a ministra do Meio Ambiente deixou escapar um misto de preocupação e perplexidade diante do momento político brasileiro.
"A gente está vivendo um momento bastante estranho", confessou, com aquela pausa característica que faz você imaginar o turbilhão de pensamentos por trás das palavras. E não é pra menos. Entre crises internacionais, pressões ambientais e um cenário doméstico que parece mudar de rumo a cada manhã, até os mais experientes estão sentindo o chão tremer.
O peso das decisões em tempos incertos
Marina, que já enfrentou de tudo — desde a resistência na Amazônia até os corredores áridos de Brasília — parece agora diante de um quebra-cabeça particularmente caprichoso. "Tem horas que você olha pro noticiário e pensa: 'cadê o manual de instruções?'", brincou, com um sorriso meio sem graça que não escondia a seriedade da situação.
O que mais chama atenção, no entanto, não é só a admiração franca da dificuldade do momento, mas a maneira quase poética como ela descreve o desafio: "É como tentar consertar um barco no meio da tempestade, sabendo que as ferramentas estão todas molhadas". Quem nunca?
Entre a esperança e o realismo
Não pense que a ministra se deixou levar pelo pessimismo. Longe disso. Entre um gole de café e outro, ela foi tecendo considerações sobre como momentos de crise podem ser também de oportunidade — ainda que reconheça que "oportunidade" seja uma palavra que está perdendo o brilho de tanto ser usada em contextos duvidosos.
- "Precisamos repensar nosso modelo de desenvolvimento" — essa frase ela repetiu como um mantra, com a convicção de quem já disse isso mil vezes e está preparada para dizer mais mil.
- "As pessoas estão exaustas de promessas vazias" — aqui, um olhar rápido pela janela, como se buscasse na paisagem urbana algum sinal de que está sendo entendida.
- "Mas desistir não está no meu vocabulário" — e essa veio com aquele tom de voz que lembra por que ela ainda é uma das vozes mais respeitadas no cenário nacional.
No final, o que ficou foi a imagem de uma líder que — mesmo consciente das armadilhas do momento — continua apostando no diálogo e na persistência. "Estranho ou não, é o nosso tempo", concluiu, ajustando os óculos com um gesto que parecia marcar o fim da reflexão e o retorno à batalha do dia a dia.