O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um momento delicado em seu governo, conforme revelam as últimas pesquisas de opinião. Após um período de recuperação na popularidade, uma série de fatores políticos e econômicos tem impactado negativamente a imagem do mandatário.
Queda na vantagem eleitoral
Os números da pesquisa Genial/Quaest trazem alertas significativos para o Planalto. A desaprovação ao governo, que vinha diminuindo desde maio, subiu de 49% para 50% entre outubro e novembro. Paralelamente, a aprovação baixou de 48% para 47%, indicando uma reversão na tendência positiva que se observava anteriormente.
O levantamento também mostra que a vantagem de Lula sobre possíveis adversários nas simulações eleitorais diminuiu consideravelmente. Contra Jair Bolsonaro, que permanece inelegível e condenado à prisão, mas busca recuperar direitos políticos, Lula venceria por apenas três pontos percentuais, uma redução de sete pontos em comparação com outubro.
Os números contra outros potenciais concorrentes também preocupam o governo. Na disputa contra Ciro Gomes, a vantagem seria de cinco pontos, contra nove registrados no mês anterior. Já em um possível segundo turno com Tarcísio de Freitas, o presidente ganharia por cinco pontos, ante doze na rodada passada da pesquisa.
Segurança pública e economia
Dois fatores centrais explicam essa mudança no cenário político. A operação policial realizada no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho devolveu ao centro do debate a questão da segurança pública, um ponto conhecido de fragilidade do governo petista.
Por outro lado, a economia apresenta um alento importante para o Palácio do Planalto. De acordo com a mesma pesquisa, caiu de 63% para 58% o total de entrevistados que afirmam que o preço dos alimentos subiu no último mês. Este indicador representa uma melhora significativa em relação a março, quando o percentual atingia 88% e explicava, junto com a campanha da oposição sobre a taxação do Pix, o derretimento da imagem presidencial.
O papel do Banco Central
A percepção de que a conta de supermercado está mais barata decorre de vários fatores, incluindo a desvalorização do dólar e os juros praticados pelo Banco Central. A instituição, comandada por Gabriel Galípolo - indicado pelo próprio Lula -, mantém a taxa Selic em 15% ao ano.
Embora Lula e o PT critiquem frequentemente a autoridade monetária por what consideram juros excessivos, os números mostram resultados positivos. Em outubro, a inflação foi de 0,09%, a menor variação para o mesmo mês desde 1998. Ou seja, graças à atuação do BC, entre outros fatores, o custo de vida apresenta trajetória de baixa.
Este cenário lembra o dos dois primeiros mandatos de Lula, quando Henrique Meirelles, então presidente do Banco Central, também era criticado pelos petistas, mas controlava com sucesso a inflação e os preços dos alimentos, contribuindo diretamente para a popularidade e as vitórias eleitorais do presidente.
Historicamente, o controle do custo de vida tem sido determinante em processos eleitorais, como demonstram as vitórias de Fernando Henrique Cardoso após domar a inflação e a recente derrota dos democratas para Donald Trump nos Estados Unidos, influenciada pela insatisfação com os preços altos.