Uma nova pesquisa de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2026 coloca o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em desvantagem significativa frente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O levantamento, realizado pelo instituto AtlasIntel entre os dias 22 e 27 de novembro, indica que, se a disputa fosse hoje, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro estaria mais de vinte pontos percentuais atrás do atual mandatário.
Os números do primeiro turno
De acordo com os dados divulgados, em um cenário de primeiro turno, Flávio Bolsonaro alcançaria 23,1% das intenções de voto. Em contraste, o presidente Lula aparece com 47,3%. Essa performance coloca o senador em uma posição considerada inferior à de outros potenciais nomes da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que não foram os focos desta simulação específica.
Perfil do eleitorado: onde Flávio ganha e perde
A pesquisa do AtlasIntel detalha o desempenho do candidato entre diferentes segmentos da população. Flávio Bolsonaro só consegue superar Lula em dois dos 25 grupos analisados:
- Entre jovens de 16 a 24 anos: 31,3% para Flávio contra 23,6% para Lula.
- Entre eleitores evangélicos: 34,9% para o senador frente a 27,1% para o presidente.
Por outro lado, os piores resultados do senador são registrados em grupos específicos:
- Eleitores com renda acima de 10 mil reais mensais: apenas 10,2% para Flávio, contra 55% para Lula.
- Pessoas com ensino superior: 14,1% contra 54%.
- Eleitores entre 45 e 59 anos: 18% contra 61,2%.
- Região Nordeste: 19,5% contra 58,9%.
O instituto não incluiu o nome de Flávio Bolsonaro em simulações de segundo turno, limitando a análise ao primeiro turno da disputa.
A reação do senador e o discurso de campanha
Após a confirmação de sua indicação pelo pai, Flávio Bolsonaro usou as redes sociais para lançar duras críticas ao governo atual. Em publicação, ele listou uma série de problemas nacionais, incluindo instabilidade, insegurança, desânimo e a sensação de abandono por parte da população. O senador também mencionou aposentados, narcoterrorismo, estatais e aumento de impostos em seu discurso.
“Ninguém aguenta mais!”, escreveu Flávio, em tom de protesto. A mensagem foi marcada por fortes referências religiosas, com o senador se colocando “diante de Deus e diante do Brasil” para cumprir a missão de concorrer à Presidência. Ele repetidamente invocou a fé, afirmando acreditar em um Deus que levanta pessoas para iniciar novos tempos e que pode libertar o país de seus cativeiros.
Metodologia da pesquisa
O levantamento do AtlasIntel foi conduzido com 5.510 entrevistas, realizadas por meio do método de Recrutamento Digital Aleatório (RDA). A pesquisa tem uma margem de erro de um ponto percentual, para mais ou para menos, e um nível de confiança de 95%. Os dados refletem um instantâneo da corrida eleitoral no final de novembro, ainda distante do pleito oficial, mas que já começa a delinear os cenários e os desafios para os pré-candidatos.
A disparidade apontada pelos números coloca Flávio Bolsonaro diante de um longo caminho para consolidar uma candidatura competitiva. Enquanto ele demonstra força em nichos específicos do eleitorado, como jovens e evangélicos, precisa ampliar significativamente sua base de apoio entre a população com maior renda e escolaridade, além de conquistar eleitores em regiões tradicionalmente menos favoráveis à família Bolsonaro, como o Nordeste.