O cenário eleitoral para a disputa presidencial de 2026 começa a se desenhar com números concretos, e as primeiras projeções não são animadoras para a família Bolsonaro. Uma nova pesquisa do Datafolha, realizada entre os dias 2 e 4 de outubro, indica que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), anunciado como candidato do clã, ficaria 15 pontos atrás do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual segundo turno.
Desvantagem da direita em cenários de segundo turno
O levantamento, que ouviu 2.002 eleitores em 113 municípios, com margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, testou diferentes nomes da direita contra Lula. No confronto direto, o presidente teria 51% das intenções de voto, contra 36% de Flávio Bolsonaro. Essa vantagem representa uma ampliação marginal em relação à pesquisa anterior, de julho, quando Lula venceria por 48% a 37%.
Outros potenciais candidatos da oposição apresentam desempenho melhor, embora ainda em desvantagem. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), perderia para Lula por 5 pontos (41% a 46%). Já o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), ficaria 6 pontos atrás (40% a 46%). Os números reforçam a percepção de que o sobrenome Bolsonaro carrega uma "toxicidade" elevada no eleitorado, conforme análise política.
Primeiro turno pulverizado e altas taxas de rejeição
Em um primeiro turno fragmentado, Lula mantém a liderança, cenário comum para um presidente que busca a reeleição. Em simulações factíveis, o petista aparece com 41% das preferências. Flávio Bolsonaro vem em segundo, mas com apenas 18%, seguido por Ratinho Jr. (12%), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), com 7%, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com 6%.
O índice de rejeição é um ponto crítico para os Bolsonaro. O ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe e inelegível, tem 45% de eleitores que declararam que nunca votariam nele, patamar semelhante ao de Lula (44%). Mesmo sem nunca ter disputado uma eleição nacional, seus filhos já carregam rejeição alta: Flávio tem 38%, Eduardo, 37%, e Michelle, 35%.
Em contraste, os governadores apresentam rejeição significativamente menor: Zema e Ratinho Jr. têm 21%, Tarcísio registra 20% e Caiado, 18%.
Contexto político e estratégias para 2026
A indicação de Flávio Bolsonaro como candidato do pai, anunciada na sexta-feira (5), foi recebida com desagrado por partidos do centrão, como MDB e PSD, que compõem a base do governo Lula e também têm nomes próprios para a disputa. A manobra é vista como uma tentativa de manter o sobrenome Bolsonaro como a principal força da direita, uma estratégia que os números atuais colocam em dúvida.
A pesquisa também testou um cenário com Jair Bolsonaro, cuja candidatura é considerada inviável na prática. Nesse caso, a desvantagem para Lula aumentou: o petista venceria por 49% a 40%. Em julho, a diferença era menor (47% a 43%).
Apesar do cenário favorável a Lula nas simulações, o Planalto tem motivos para preocupação. A reprovação ao governo do presidente é de 38%, contra uma aprovação estagnada em 32%, segundo o mesmo Datafolha. Os números indicam que a eleição de 2026 está longe de ser uma decisão antecipada, mas o caminho para qualquer candidato da direita parece exigir a superação da forte rejeição associada ao nome Bolsonaro.