O cenário político para as eleições presidenciais de 2026 começou a ser definido nesta sexta-feira (5) com um anúncio de peso. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou ter sido formalmente escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser o candidato do grupo à Presidência da República.
O anúncio e a consolidação da decisão
A escolha foi consolidada após uma visita do senador ao pai, que cumpre pena na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, na última terça-feira (2). Os dois conversaram por cerca de trinta minutos, e na sequência, Flávio Bolsonaro viajou para São Paulo na quinta-feira (4) para informar pessoalmente a decisão ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em suas redes sociais, o senador publicou um texto confirmando a indicação. "É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", escreveu. Ele ainda completou: "Eu me coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão."
Estratégia política e reações
A indicação mantém o sobrenome Bolsonaro em evidência no cenário político nacional, uma movimentação estratégica que atenua o receio do ex-presidente de perder espaço junto ao centrão enquanto está preso. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, divulgou nota oficializando Flávio como o nome indicado por Bolsonaro para representar o partido na corrida presidencial, afirmando: "Flávio me disse que o nosso capitão confirmou sua pré-candidatura. Então, se Bolsonaro falou, está falado."
A decisão, no entanto, não era a única em discussão. Parte expressiva do centrão e de aliados preferia que a aposta recaísse sobre o governador Tarcísio de Freitas, visto por muitos como um nome com maior viabilidade eleitoral e capacidade de unir a direita e a extrema direita. Tarcísio, contudo, segue declarando publicamente que buscará a reeleição ao governo de São Paulo.
Perfil e trajetória do candidato
Flávio Bolsonaro, de 44 anos, é filho do ex-presidente com Rogéria Nantes Nunes Braga. Nascido em Resende (RJ), é formado em Direito e tem especializações em políticas públicas e empreendedorismo. Sua carreira política começou em 2003, como deputado estadual no Rio de Janeiro, cargo para o qual foi reeleito três vezes. Em 2018, elegeu-se senador.
Ao longo dos anos, o senador passou por vários partidos: PP, PFL, PSC, PSL, Republicanos, Patriota e, atualmente, o PL. Recentemente, assumiu uma postura mais destacada na defesa pública do pai, adotando um tom crítico contra o Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive defendendo um impeachment do ministro Alexandre de Moraes.
Condições e cenários futuros
Em entrevista concedida em junho, Flávio Bolsonaro já havia sinalizado as condições para receber o apoio do pai em 2026. Ele afirmou que o candidato apoiado por Bolsonaro deveria não apenas conceder indulto ao ex-presidente, mas "brigar com o Supremo por isso, se for preciso". Ele demonstrou preocupação com a possibilidade de uma eventual anistia ser derrubada pela Corte.
O anúncio desta sexta-feira mantém a liderança da extrema direita e da direita sob o comando da família Bolsonaro, em um momento em que outros atores, como governadores, buscavam protagonismo junto a esse eleitorado. A avaliação interna era de que o ex-presidente confia mais em seus filhos e preferiu manter o espólio eleitoral dentro do clã. Entre os filhos, Flávio era considerado o mais viável, já que Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos.
O episódio também serviu para acalmar os ânimos após um recente desentendimento familiar. Flávio pediu desculpas à madrasta, Michelle Bolsonaro, por uma briga envolvendo a composição do palanque do PL no Ceará, atribuindo o fato a um "ruído de comunicação".