Flávio Bolsonaro é o escolhido para 2026: estratégia da direita se revela
Flávio Bolsonaro é o nome da direita para a eleição de 2026

O cenário político brasileiro para as eleições de 2026 ganhou um novo protagonista nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025. Com Jair Bolsonaro preso, inelegível e condenado por tentativa de golpe, a direita finalmente definiu seu caminho. A admissão do ex-presidente de que não seria candidato pavimentou a entrada do filho, Flávio Bolsonaro, como o nome escolhido para liderar a chapa.

A confirmação, longe de ser uma surpresa, materializa uma estratégia que já era observada há meses por analistas e até por aliados do presidente Lula. O movimento busca preservar a marca Bolsonaro no topo da urna, mesmo sem a presença física do patriarca. Agora, a disputa presidencial deve repetir, simbolicamente, o embate de 2022: Bolsonaro 22 contra Lula 13.

A escolha do sobrenome e a disputa interna

A pergunta que assombrava a direita nos últimos meses era simples: quem herdaria o espólio político e eleitoral de Jair Bolsonaro? Nomes como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior e Ronaldo Caiado circulavam, mas nenhum conseguia resolver a equação sozinho.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e considerado o natural substituto, nunca demonstrou apetite real pelo confronto nacional e agora deve focar na reeleição no estado. Ronaldo Caiado mantém sua pré-candidatura declarada, mas falta uma conexão sólida com a base bolsonarista mais radical. Zema e Ratinho têm força regional, mas não nacional.

A resposta veio com o peso do sobrenome. Flávio Bolsonaro carrega a força simbólica de "ser um Bolsonaro", um fator decisivo para ativar a memória eleitoral de milhões que votaram no número 22. A campanha apostará na repetição dessa fórmula, considerada simples, porém potencialmente eficaz em um cenário polarizado.

Os riscos da aposta na continuidade

A escolha, no entanto, não vem sem grandes riscos. Flávio Bolsonaro não chega ao páreo com uma ficha limpa. Seu passado é marcado por escândalos como as rachadinhas e negócios imobiliários controversos, que serão revisitados sob os holofotes de uma campanha presidencial.

Outro ponto sensível é o papel de Jair Bolsonaro. Mesmo preso, ele seguirá como o principal cabo eleitoral do filho. Essa dinâmica pode fortalecer o núcleo duro do bolsonarismo, mas também tem o potencial de afastar moderados, setores da centro-direita e conservadores independentes, já cansados do radicalismo que culminou na tentativa golpista de 2022.

Além disso, há um desequilíbrio evidente na disputa. De um lado, um senador com trajetória política menos conhecida nacionalmente. Do outro, Luiz Inácio Lula da Silva, um presidente em seu terceiro mandato, com vasta experiência e musculatura política. Não será um embate entre forças iguais.

O cenário que favorece Lula

Enquanto a direita se reorganiza em torno de um sobrenome, o atual presidente navega com vento a favor. O fator silencioso, mas crucial, é a economia. A melhoria na renda, a geração de empregos e medidas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil criaram uma base de apoio concreta para Lula.

O presidente disputará a reeleição em 2026 com entregas para apresentar. O favoritismo refletido nas pesquisas não é apenas numérico; é contextual. A oficialização de Flávio Bolsonaro evita um vazio de liderança e uma possível implosão da direita, mas não resolve seus problemas estruturais.

A movimentação escancara uma realidade: atualmente, a direita brasileira se parece menos com um projeto político consolidado e mais com um sobrenome em uma luta pela sobrevivência. A aposta no legado Bolsonaro é de alto risco, e seus resultados definirão não apenas 2026, mas o futuro do campo conservador no país.