O líder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), fez uma avaliação irônica sobre os recentes movimentos da família Bolsonaro. Segundo o parlamentar, as ações dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro acabaram por trazer ganhos políticos para a atual gestão petista.
Crítica de Michelle ao Ceará foi 'contribuição'
Durante uma reunião do Diretório Nacional do PT, realizada em Brasília no sábado, 6 de dezembro de 2025, Guimarães citou um episódio específico. Ele se referiu às críticas públicas feitas pela ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL) à aliança entre Ciro Gomes (PSDB) e o Partido Liberal (PL) na disputa pelo governo do Ceará, ocorrida em novembro.
"Lá (no Ceará), a Michelle deu uma grande contribuição (ao Lula)", afirmou o deputado, em tom de ironia. O caso gerou um embate aberto entre diferentes membros da família Bolsonaro, com os três filhos mais velhos do ex-presidente – Flávio, Eduardo e Carlos – defendendo a aliança que havia sido autorizada pelo pai.
Elogios à escolha de Flávio Bolsonaro
O líder petista também surpreendeu ao elogiar a decisão do ex-presidente Bolsonaro de escolher o senador Flávio Bolsonaro para representar o campo bolsonarista nas próximas eleições. Para Guimarães, a opção pelo filho mais velho foi acertada.
"Bolsonaro está certo", declarou o deputado, justificando que Eduardo Bolsonaro "não tem a menor chance" e que Michelle "vai para um lado e vai para o outro". Na avaliação do líder do governo, "o mais centrado do ponto de vista deles é Flávio".
Guimarães ainda avaliou que governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ratinho Jr. (PSD-PR) não seriam suficientemente confiáveis para o ex-presidente, tornando lógica a indicação de um membro da família.
Divisão da direita fortalece o governo Lula
Coordenador do Grupo de Trabalho pela reeleição de Lula e pela expansão petista nos estados e no Congresso, José Guimarães celebrou a fragmentação no campo oposicionista. Ele acredita que a prisão de Jair Bolsonaro deixou a direita sem rumo.
"A divisão da direita fortalece o nosso campo", afirmou. "Eles (a direita) estão sem bússola com a prisão de Bolsonaro. Não tem uma liderança da direita que os unifique. Bolsonaro não quer protagonismo de Tarcísio", concluiu o líder do governo na Câmara.
O episódio no Ceará, que motivou parte dos comentários, teve desdobramentos familiares. Flávio Bolsonaro chegou a afirmar que Michelle "atropelou" a vontade do ex-presidente ao criticar a aliança, mas pediu desculpas à madrasta nesta semana, após um encontro com Bolsonaro na cadeia.