O presidente Luiz Inácio Lula da Silva observa com atenção os movimentos da oposição enquanto a família Bolsonaro mantém uma estratégia que beneficia indiretamente sua campanha à reeleição. Enquanto Lula viaja pelo país consolidando alianças, o campo oposicionista permanece dividido sobre quem será o candidato a desafiar o petista nas eleições de 2026.
O jogo de poder na oposição
Líderes do Centrão defendem a imediata definição de uma chapa da direita para unificar o bloco oposicionista. A proposta em discussão seria a formação de uma chapa com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas do Republicanos, como candidato a presidente, acompanhado por um vice com baixa rejeição e capacidade de agregar politicamente.
Entre os nomes cotados para a vice-presidência estão o governador de Minas Gerais, Romeu Zema do Novo, que também aparece como presidenciável, além dos senadores Ciro Nogueira e Tereza Cristina, ambos do Progressistas. Os articuladores do Centrão já deixaram claro que descartam integrantes da família Bolsonaro para compor a chapa, principalmente pelos altos índices de rejeição dos filhos do ex-presidente.
A resistência da família Bolsonaro
Os três filhos mais velhos de Jair Bolsonaro - o senador Flávio, o vereador Carlos e o deputado Eduardo - insistem em uma estratégia diferente. Eles defendem que o nome do principal candidato da oposição só seja anunciado em 2026, não agora, e não aceitam que um Bolsonaro fique fora da sucessão presidencial.
Flávio e Eduardo Bolsonaro nutrem ambições presidenciais, enquanto Carlos Bolsonaro utilizou suas redes sociais para afirmar que o "sistema" e a "direita limpinha" não conseguirão remover sua família das urnas. Eduardo já criticou publicamente tanto Tarcísio de Freitas quanto Ciro Nogueira por tentarem, segundo ele, se apropriar da prerrogativa de seu pai de definir quem será o candidato e quando o anúncio será feito.
Conflito familiar e político
Carlos Bolsonaro revelou à VEJA que a pressão pelo anúncio precoce do candidato representa "uma tortura, um passo a mais que deram para que ele abra o bico antes", referindo-se ao início do cumprimento da pena de 27 anos e três meses de prisão imposta a Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de estado.
"O Bolsonaro tem um poder gigantesco, o eleitorado está com ele, e querem tomar isso. Quando o fizerem, do jeito que as maldades acontecem, ele morre na cadeia", acrescentou o vereador. As declarações indicam que a divisão na oposição deve persistir por um bom tempo.
Lula como beneficiário
Enquanto a oposição se divide, Lula mantém sua campanha em pleno andamento, já tendo se beneficiado inclusive do tarifaço articulado por Eduardo Bolsonaro. O presidente petista tem motivos para agradecer - e torcer - pelo sucesso das estratégias da família Bolsonaro, que mantêm a direita emperrada e rachada enquanto ele consolida sua posição como favorito nas pesquisas de intenção de voto.
A polarização nacional entre Lula e Bolsonaro continua a moldar o cenário político brasileiro, com a data de 30 de novembro de 2025 marcando mais um capítulo desta disputa que promete se estender até as eleições de 2026.