O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se manifestou publicamente nesta terça-feira, 2 de dezembro de 2025, sobre o recente telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder norte-americano Donald Trump. Em uma publicação na rede social X, o parlamentar afirmou ter recebido a notícia "com otimismo".
Diálogo pode abrir caminhos, mas com princípios
Eduardo Bolsonaro defendeu que uma reaproximação entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos tem o potencial de desbloquear "caminhos importantes" para as relações bilaterais. No entanto, ele ressaltou que esse processo deve ser guiado por princípios claros para ser efetivo.
O parlamentar, que recentemente havia criticado a falta de diálogo direto entre parlamentares brasileiros e autoridades dos EUA durante um período de crise, aproveitou a ocasião para justificar novamente as sanções impostas por Washington ao Brasil. Em sua visão, medidas punitivas no comércio internacional se tornam legítimas quando todas as outras alternativas de negociação são esgotadas.
Detalhes da conversa presidencial de 40 minutos
A ligação entre os dois mandatários ocorreu no início da tarde de terça-feira. De acordo com informações divulgadas pelo Palácio do Planalto, a conversa se estendeu por aproximadamente 40 minutos e teve como foco principal a questão das sobretaxas comerciais aplicadas pelos Estados Unidos.
Além do tema tarifário, Lula e Trump também discutiram possibilidades de cooperação no combate ao crime organizado. A Presidência da República informou que, durante o diálogo, Lula manifestou interesse em acelerar as tratativas para a retirada da sobretaxa de 40% que ainda incide sobre uma parcela dos produtos brasileiros exportados para o mercado americano.
Reação de Trump e contexto das tarifas
Em Washington, Donald Trump confirmou a realização da conversa a jornalistas. O presidente americano mencionou ter discutido temas como comércio e sanções com seu homólogo brasileiro. Segundo a agência Reuters, Trump classificou o diálogo como "uma ótima conversa" e expressou a expectativa de se encontrar pessoalmente com Lula em breve.
Ele também destacou que a parceria recém-reforçada entre os dois países pode gerar "muita coisa boa". Apesar do tom positivo, o líder norte-americano lembrou que as sanções foram aplicadas "por causa de algumas coisas que aconteceram".
O contexto das tarifas remonta a medidas anteriores. No mês passado, a Casa Branca havia anunciado a retirada de 238 itens da lista de produtos brasileiros sujeitos a sobretaxas. Itens como café, frutas tropicais, carnes e especiarias foram beneficiados por essa decisão.
Contudo, mesmo com essa redução, um percentual significativo das exportações brasileiras para os EUA ainda enfrenta barreiras adicionais. Atualmente, 22% do total exportado permanece sujeito às sobretaxas. Esse índice chegou a atingir 36% no início da aplicação das medidas, conhecidas como "tarifaço".
O governo brasileiro avaliou como positiva a redução anunciada pelos Estados Unidos em novembro. No entanto, Lula ressaltou que ainda há uma lista de produtos pendentes de negociação e que o Brasil pretende avançar rapidamente nas discussões para resolver totalmente a questão.
A reação de Eduardo Bolsonaro e os desdobramentos do telefonema indicam um momento delicado e potencialmente decisivo nas relações comerciais entre as duas maiores economias das Américas. O otimismo expresso pelo deputado reflete uma esperança de que o diálogo direto no mais alto nível possa destravar impasses e normalizar o fluxo de comércio.
