
Os números não mentem, mas também não contam toda a história. Uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (1º) revela que o Brasil está praticamente partido ao meio quando o assunto é a anistia aos envolvidos nos protestos de 8 de Janeiro de 2023. E olha que surpresa: a polarização não segue exatamente o script que muitos imaginavam.
Segundo o levantamento — feito com 2.556 entrevistas em 147 municípios —, 47% dos brasileiros são contra a medida, enquanto 45% apoiam. Os indecisos? Apenas 8%. Uma diferença tão mínima que dá até arrepio. "É como ver um cabo de guerra onde os dois lados estão suando a camisa, mas a corda não mexe um centímetro", comenta um analista político que preferiu não se identificar.
Os detalhes que fazem a diferença
Quando mergulhamos nos recortes da pesquisa, a coisa fica ainda mais interessante:
- Por região: Sudeste e Sul são mais críticos à anistia (52% contra), enquanto Norte e Nordeste tendem a apoiar (49% a favor)
- Por faixa etária: Jovens entre 16 e 24 anos são os mais favoráveis (53%) — será o sinal de uma geração mais tolerante ou apenas menos informada?
- Por escolaridade: Quanto mais estudo, maior a rejeição. Entre pós-graduados, 61% dizem "não" à proposta
E aqui vai um dado que vai dar pano pra manga: entre os que se declaram evangélicos, o apoio à anistia chega a 51%. Um número que, convenhamos, não era exatamente o esperado.
O que está em jogo?
O debate sobre a anistia — aquela velha discussão entre justiça e reconciliação — parece ter virado um termômetro da saúde política do país. De um lado, os que argumentam que "virar a página" é necessário para a pacificação. Do outro, quem vê na medida um perigoso precedente de impunidade.
"É como se o Brasil estivesse tentando decidir entre tomar um remédio amargo ou continuar com a febre", filosofa uma professora de direito constitucional ouvida pela reportagem, enquanto ajusta os óculos no nariz.
O timing da pesquisa também não poderia ser mais estratégico. Com o Congresso discutindo o tema e o Supremo Tribunal Federal (STF) acompanhando cada movimento, esses números podem ser o empurrão — ou o freio de mão — que faltava para a decisão final.