O encerramento da COP-30 marcou o retorno da política brasileira às questões domésticas, com a sucessão presidencial de 2026 ganhando centralidade na agenda nacional. As eleições, que ocorrerão daqui a onze meses, já começam a moldar todas as decisões governamentais e parlamentares.
Panorama eleitoral dividido
As pesquisas eleitorais, mesmo analisadas com as devidas reservas por conta da distância temporal do pleito, revelam um eleitorado profundamente dividido. O cenário atual mostra uma população rachada ao meio, reproduzindo a radicalização observada nas eleições de 2022.
Segundo análises políticas, duas realidades concretas se impõem no atual momento: de um lado, o governo trabalha com a reeleição do presidente como seu principal projeto, por não visualizar alternativas viáveis. Do outro, a oposição de direita aparece fragmentada por ambições individuais e sem uma estratégia clara sobre como lidar com o legado do bolsonarismo.
Segurança pública no centro do debate
A crescente preocupação com a segurança pública promete ocupar lugar de destaque na campanha eleitoral. O país enfrenta um cenário preocupante onde o crime organizado se fortalece, enquanto o poder público demonstra confusão sobre as políticas de enfrentamento mais adequadas.
Os candidatos de todos os partidos e espectros ideológicos terão que explicar aos eleitores o que não conseguiram fazer para tornar a população mais segura ou, pelo menos, menos vulnerável à violência. A situação chegou a um ponto paradoxal onde o estado organizado precisa se expor publicamente, enquanto as organizações ilegais se protegem em favelas e complexos, onde operações policiais são vistas como visitas indesejáveis.
Agenda internacional em segundo plano
Especialistas questionam se temas de política externa terão espaço significativo na próxima campanha presidencial. Considerando a vasta pauta de problemas domésticos que afetam os brasileiros, é pouco provável que questões diplomáticas influenciem massivamente o voto popular.
As rusgas entre os presidentes Trump e Lula, mesmo que se intensifiquem, dificilmente mobilizariam o eleitorado. Da mesma forma, o fracasso da oferta brasileira para mediar as tensões entre Estados Unidos e Venezuela parece ter impacto limitado na opinião pública nacional.
Os desdobramentos externos da COP-30 representam talvez a exceção mais viável, servindo como cenário para aprofundar preocupações ambientais que podem ressoar com parte do eleitorado mais informado.
O momento político brasileiro se caracteriza por esta transição: da prioridade absoluta dada à conferência climática para o foco inevitável na sucessão presidencial, onde segurança pública e polarização deverão dominar os debates até outubro de 2026.