O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), confirmou publicamente que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), indicou seu irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), para ser candidato à Presidência da República nas eleições de 2026. A declaração foi dada durante evento em São Paulo, onde recebeu uma homenagem da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Reação do mercado e justificativa de Carlos Bolsonaro
O anúncio da indicação provocou uma reação imediata e negativa nos mercados financeiros. Nesta sexta-feira (5), o dólar disparou 2,33% e a Bolsa de Valores caiu 4,30%. Ao comentar a movimentação, Carlos Bolsonaro minimizou a preocupação e criticou o setor.
"O mercado está muito bem, quase 15% ou mais de 15% de juros", afirmou o vereador. "E, quando você traz algum nome que possa reduzir essa margem de lucros, é lógico que o mercado fica preocupado. O mercado está preocupado com o dinheiro, não está preocupado com o público", completou, sugerindo que a candidatura do irmão poderia afetar os ganhos do setor financeiro.
Detalhes da indicação e apoio familiar
Questionado sobre os detalhes da decisão, Carlos Bolsonaro admitiu não ter muitas informações. "Eu só sei que meu pai decidiu e a gente vai apoiar. E é por aí, mas detalhes eu não posso dar para vocês porque, infelizmente, eu não tenho informação", disse. Ele revelou que soube da indicação por meio do advogado do ex-presidente. "Fiquei sabendo pelo advogado do meu pai que meu pai deu essa decisão lá de Brasília".
O vereador também demonstrou confiança na decisão do patriarca e descartou preocupação com possíveis resistências de partidos do centrão. "Não estou preocupado com o centrão, não. O que o Bolsonaro decidir está decidido", afirmou com convicção.
Aliados e contexto político
Durante sua fala, Carlos Bolsonaro mencionou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que era cotado para receber o apoio de Jair Bolsonaro, mas afirma que buscará a reeleição no estado. "Eu tenho certeza de que o Tarcísio é um aliado nosso, é um amigo nosso", disse, deixando um "grande abraço" para o governador.
O evento na Alesp, que também homenageou o deputado federal Mário Frias (PL-SP), serviu de palco para reforçar a união em torno da família Bolsonaro. Em seu discurso, Frias classificou a indicação de Flávio como uma notícia "muito importante" e pediu união da direita. "O recado [com a indicação] é o seguinte: união, sim, desde que seja em torno de Jair Bolsonaro", declarou.
Outro irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foi citado no início da cerimônia como um "exilado político que merece todo o nosso apoio", em discurso do deputado estadual Gil Diniz (PL). A realização do evento, porém, não foi pacífica. Cerca de 20 estudantes protestaram contra a homenagem a Carlos Bolsonaro, gritando palavras de ordem contra uma eventual anistia a Jair Bolsonaro.
A confirmação coloca o senador Flávio Bolsonaro no centro do projeto de poder da família para as próximas eleições presidenciais, definindo os primeiros contornos da disputa de 2026 e gerando reações que vão do apoio incondicional de aliados à forte reprovação dos mercados financeiros.
