Flávio Bolsonaro candidato em 2026: cenário ideal para Lula, diz análise
Candidatura de Flávio Bolsonaro em 2026 é boa para Lula

O anúncio feito pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de que foi escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, para ser o candidato do partido à Presidência da República em 2026 foi recebido com otimismo nos círculos do governo Lula. Segundo análises políticas, ter um adversário com o sobrenome Bolsonaro representa o cenário ideal para o atual mandatário na próxima disputa eleitoral.

Por que a candidatura de Flávio favorece Lula?

A lógica por trás dessa avaliação é considerada simples pelos estrategistas. O clã Bolsonaro carrega uma alta taxa de rejeição no eleitorado. Se Lula conseguiu derrotar o "01", Jair Bolsonaro, em 2022, a confiança em uma vitória contra o "02", Flávio, aumenta consideravelmente. Para muitos no Planalto, essa foi a melhor notícia da semana para o governo, superando até mesmo o impacto do telefonema do ex-presidente americano Donald Trump.

Além do fator rejeição, a entrada prematura de Flávio Bolsonaro na cena presidencial atrapalha a construção de alternativas dentro da direita. Nomes como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr. (PSD-PR), embora populares em seus estados, ainda precisam de tempo para se projetarem nacionalmente. A candidatura de Flávio adia essa escolha e esfria, por exemplo, as tentativas de Tarcísio, visto com bons olhos pelo mercado financeiro, de começar sua campanha.

O anúncio oficial e suas implicações

Nesta sexta-feira, 5 de julho, Flávio Bolsonaro usou suas redes sociais para confirmar a indicação. "É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", declarou o senador.

Jair Bolsonaro, atualmente preso por tentativa de golpe de Estado, está impedido de disputar eleições devido a condenações pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também emitiu uma nota oficial endossando a indicação: "Informo que o senador Flávio Bolsonaro é o nome indicado por Jair Bolsonaro para representar o partido na disputa presidencial".

Estratégia de defesa ou movimento eleitoral?

Especialistas também avaliam a possibilidade de a candidatura funcionar como uma "vacina" ou estratégia de defesa. Esse mecanismo é acionado quando uma figura política teme investigações ou complicações judiciais e, por isso, se lança candidato. Se a Justiça avança em algum processo, o discurso imediatamente se torna o de "perseguição política por ser candidato".

Um caso recente que ilustra essa tática foi o do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), lançado à prefeitura do Rio de Janeiro em meio ao escândalo da "Abin paralela". No caso de Flávio, ele próprio não enfrenta investigações ativas, mas pessoas próximas a ele sim. Como senador, ele mantém o foro privilegiado.

O movimento ainda tem o efeito colateral de escantear Michelle Bolsonaro, que vinha tentando se posicionar como a nova porta-voz da família no cenário político. A confirmação de Flávio como herdeiro político direto consolida seu papel e redefine as dinâmicas internas do grupo.

Em resumo, a aparente definição do palanque oposicionista para 2026, longe de preocupar, acendeu um sinal de alerta positivo no campo governista. A análise predominante é que, ao repetir a fórmula de 2022, a direita pode estar pavimentando um caminho mais fácil para a reeleição de Lula, caso ele decida disputar, ou para a eleição de um candidato de sua escolha.