Aécio Neves assume PSDB com discurso de centro e críticas ao PT
Aécio Neves é empossado como novo presidente do PSDB

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) tem novo comando a partir desta quinta-feira, 27 de novembro de 2025. O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) foi oficialmente empossado como presidente nacional da legenda em cerimônia realizada em Brasília.

Posse com amplo apoio partidário

A solenidade de posse contou com a presença de importantes figuras do cenário político brasileiro. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), marcou presença no evento, além de representantes de partidos como PL, PP, Podemos e PSB.

Aécio Neves assumiu o comando do PSDB através de uma eleição no diretório nacional com chapa única, consolidando sua liderança sobre o partido que já foi uma das maiores forças políticas do país.

Discurso de "centro radical" e críticas ao PT

Em seu primeiro discurso como presidente tucano, o ex-governador de Minas Gerais anunciou que adotará um caminho que classificou como "radical de centro". Aécio pregou o fim da polarização política no país, porém direcionou pesadas críticas ao Partido dos Trabalhadores.

O deputado não fez qualquer menção ao bolsonarismo, movimento que já apoiou anteriormente, concentrando seus ataques no PT. Ele criticou a posição do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao votar contra o PL Antifacção na semana passada.

"O PT, de forma incompreensível, votou contra o projeto construído por ele próprio", afirmou Aécio, acrescentando que a decisão teria sido motivada por cálculos eleitorais.

O novo presidente do PSDB também relembrou ressentimentos históricos, citando que o PT se negou a apoiar Tancredo Neves no colégio eleitoral para pôr fim aos 21 anos de ditadura no país. Aécio ainda mencionou que o partido votou contra a Constituição Federal de 1988, contra o Plano Real e contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Vale registrar que, embora o PT tenha votado contra a Constituição em 1988, todos os deputados do partido assinaram a versão final do texto.

Desafios pela frente

Aécio Neves assumirá o comando da executiva nacional do PSDB até 2027 com a difícil missão de recuperar o partido da situação crítica em que se encontra. Os três governadores eleitos pela sigla na última eleição — Eduardo Leite (RS), Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS) — já se desfiliaram do partido.

Atualmente, o PSDB conta com apenas treze parlamentares na Câmara dos Deputados, representando oito estados diferentes. Este é o número mínimo exigido pela cláusula de desempenho para manter o registro partidário.

Para superar a mesma cláusula nas eleições de 2026, o partido precisa eleger pelo menos treze deputados federais, ou alcançar 2,5% dos votos válidos, distribuídos em nove estados. O não cumprimento desses requisitos resultaria na perda de acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão.

O desafio de Aécio Neves à frente do PSDB é, portanto, duplo: recompor a base partidária e reconquistar espaço no cenário político nacional, enquanto busca implementar seu projeto de "centro radical" em meio a um ambiente ainda marcado pela polarização.