O cenário para a disputa presidencial de 2026 começa a ganhar contornos mais definidos no campo oposicionista. Com a perspectiva distante de uma reabilitação política de Jair Bolsonaro, lideranças partidárias do centro à direita já miram um nome para enfrentar o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. O escolhido, segundo articulações em curso, é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Frente ampla contra Lula ganha forma
Uma reportagem da revista VEJA revela que caciques de pelo menos seis siglas importantes estão trabalhando para criar uma ampla coalizão em torno de Tarcísio. Os partidos envolvidos são PL, PP, União Brasil, MDB, PSD e Republicanos. A ideia é unir forças em um único candidato já no primeiro turno, abandonando a visão de uma pulverização de candidaturas que já foi defendida por alguns setores.
A pressão pela definição do nome é grande, e há um movimento reservado para que a decisão seja tomada ainda em dezembro de 2025. Publicamente, a expectativa é que a chapa seja consolidada nos primeiros meses do próximo ano.
Por que Tarcísio?
Em conversas reservadas, uma liderança partidária ouvida pela VEJA foi direta: “Hoje, o único que consegue se viabilizar é o Tarcísio”. Na avaliação desses dirigentes, outros governadores cotados, como Ronaldo Caiado (GO), Romeu Zema (MG) e Ratinho Jr (PR), não alcançaram o mesmo nível de articulação nacional do paulista. Ratinho Jr. é apontado como o mais próximo, mas ainda assim atrás de Tarcísio.
Entre os principais articuladores da candidatura de Tarcísio estão nomes de peso da política nacional:
- Senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP.
- Antonio Rueda, presidente do União Brasil.
- Deputado Baleia Rossi, presidente do MDB.
- Deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos.
- Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD.
O caso do PSD é particularmente interessante, pois a sigla, em tese, tem dois pré-candidatos: o próprio Ratinho Jr. e o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
Força partidária e parlamentar
A coalizão que apoia Tarcísio não é apenas uma união de siglas, mas representa uma força eleitoral e institucional significativa. Juntas, as legendas somam um grande número de filiados:
- A federação PP-União Brasil lidera com 2.375.470 integrantes.
- O MDB conta com mais de 2 milhões de filiados.
- O PL tem pouco mais de 893 mil.
- Republicanos (565 mil) e PSD (465 mil) completam o grupo.
Para comparação, a frente formada por PT, PCdoB e PV possui 2.391.066 filiados, sendo mais de 1,6 milhão apenas do PT.
No Congresso Nacional, a força desses partidos é decisiva. Na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta, é do Republicanos. No Senado, o comando está com Davi Alcolumbre, do União Brasil. Ao todo, 242 dos 513 deputados federais são de legendas que apoiam majoritariamente Tarcísio. No Senado, são 57 dos 81 membros.
Uma eleição que promete ser dura
Os articuladores da frente oposicionista estão cientes do desafio que têm pela frente. Desbancar um presidente em exercício, Lula, sempre é uma tarefa complexa. No entanto, acreditam que, unidos em torno de um nome forte e com ampla base parlamentar, têm condições de travar uma batalha competitiva.
“A eleição será dura, mas não se pode afirmar que está garantida para o Lula”, resumiu um dos caciques envolvidos nas negociações. A movimentação indica que a corrida ao Palácio do Planalto em 2026 já começou nos bastidores, com a direita buscando aprender com eleições passadas e se organizar com antecedência para o grande embate.