O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cometeu um grave erro diplomático durante a COP30 em Belém, no Pará. Sua intervenção, que tinha como objetivo acelerar as negociações, acabou produzindo o efeito completamente oposto ao desejado.
Intervenção presidencial gera mal-estar
Na quarta-feira, 19 de novembro de 2025, Lula chegou à conferência climática com a missão declarada de "destravar negociações". Porém, segundo relatos de observadores e negociadores ouvidos pela revista VEJA, a presença do mandatário brasileiro prejudicou significativamente o andamento dos trabalhos.
Um dos negociadores chegou a afirmar que a situação foi "pior que o incêndio na Blue Zone", referindo-se ao fogo que mais tarde atingiria a área destinada às autoridades.
Os trabalhos nas plenárias estavam avançados e com boa interação entre os representantes das nações. A chegada de Lula, no entanto, esvaziou as discussões e alterou completamente a dinâmica estabelecida.
Quebra de protocolo diplomático
O presidente brasileiro causou constrangimento ao abrir interlocução direta com subordinados do poder executivo de outras nações, contrariando a regra básica do manual diplomático que estabelece conversas apenas entre homólogos.
Nos bastidores da convenção, Lula se reuniu com representantes de:
- China
- Índia
- Indonésia
- União Europeia
- Países árabes
- Nações latino-americanas
- Pequenos países insulares
- Nações africanas
Em todos esses encontros, o presidente insistiu na necessidade de o texto final da Conferência do Clima incluir um "mapa do caminho" para o afastamento dos combustíveis fósseis, responsáveis por 80% das emissões de gases que aquecem o planeta.
Estratégia condenada ao fracasso
Apesar de fazer sentido do ponto de vista ambiental, a estratégia adotada por Lula não tinha qualquer possibilidade de sucesso. Técnicos do Itamaraty já haviam alertado o presidente que conseguiria apoio de, no máximo, 80 países – previsão que se confirmou.
Mesmo com o alerta, Lula optou por seguir a postura defendida pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e pela CEO da COP30, Ana Toni.
Ao final do dia, sem conquistas para comemorar, o presidente fez um discurso sem permitir perguntas, no qual enalteceu o Pará e a escolha de Belém como sede do evento.
No dia seguinte, um incêndio na Blue Zone interrompeu os trabalhos da conferência, em mais um revés para as negociações climáticas globais.